Moro bate em Bolsonaro e deixa PF em alerta sobre ação política
Em junho deste ano, o STF declarou que Moro foi parcial ao julgar Lula no processo do tríplex do Guarujá (SP). No dia 8 de março, o ministro Edson Fachin anulou todas as condenações de Lula sentenciadas por Moro na Justiça Federal do Paraná. Com a decisão, o petista voltou a ser elegível e apto a se candidatar a presidente em 2022.
Segunda, 06 de Dezembro de 2021 às 13:13, por: CdB
Em junho deste ano, o STF declarou que Moro foi parcial ao julgar Lula no processo do tríplex do Guarujá (SP). No dia 8 de março, o ministro Edson Fachin anulou todas as condenações de Lula sentenciadas por Moro na Justiça Federal do Paraná. Com a decisão, o petista voltou a ser elegível e apto a se candidatar a presidente em 2022.
Por Redação - de Brasília
Pré-candidato à Presidência da República, o ex-juiz suspeito Sérgio Moro (Podemos) afirmou que tem mantido contato com partidos como União Brasil, Novo, Cidadania e PSDB, na tentativa de arrebanhar apoio com vistas às eleições de 2022. O ex-ministro da Justiça no atual governo, fritado por Jair Bolsonaro (PL), busca aliados com “visão liberal de economia sem prejuízo de políticas sociais”.
A Polícia Federal teme que Moro use o processo contra Bolsonaro em seu discurso político
Sobre a chance de ser vice-presidente na chapa de outro concorrente, Moro afirmou ter clareza que quer liderar a disputa, mas que ainda não há nada decidido.
— Acredito na liderança do nosso projeto. Assim como acredito que poderia abrir mão, espero que outros tenham o mesmo entendimento, porque nós precisamos somar — afirmou a jornalistas, nesta segunda-feira.
Terceira Via
Sérgio Moro rejeita, ainda, o uso do termo ‘Terceira Via’ por acreditar que a disputa não deve se sustentar no favoritismo do presidente Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
— Terceira via parte do pressuposto que temos dois candidatos inevitáveis e que seriam favoritos, que é o atual presidente e um presidente anterior. Eu, sinceramente, não acredito nisso. Não acho que o Brasil vai ser forçado a ter escolhas tão trágicas assim — afirmou.
Cotado para a disputar principal, no ano que vem, Moro não poupou críticas ao governo do qual fez parte e disse que "ninguém quer esse governo atual que está entregando o país pior que recebeu”.
Corrida
O ex-juiz ressaltou, ainda, que assumiu o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro com "boas intenções" e que fez tudo o que podia à frente da pasta, mas teve "limitações".
Embora diga que soubesse que Bolsonaro era uma pessoa "controvertida, cheia de declarações esquisitas, para dizer o mínimo", Moro disse que muita gente acreditava que ele na Presidência assumiria uma condição de "estadista".
O ex-juiz disse ainda que está conversando com muitos quadros bons para a costura de alianças, mas evitou citar nomes. Moro encontrou-se, no sábado, com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e classificou o tucano como um "grande quadro da política brasileira”.
‘Grande erro’
Moro avaliou, ainda, que as decisões do STF envolvendo Lula foram um "grande erro". Ele disse ter orgulho do trabalho na Lava Jato, e mais uma vez negou que tenha cometido irregularidades na condução do processo. Ele afirmou que a Petrobras foi "saqueada" e que a operação foi uma "conquista da sociedade brasileira".
Em junho deste ano, o STF declarou que Moro foi parcial ao julgar Lula no processo do tríplex do Guarujá (SP). No dia 8 de março, o ministro Edson Fachin anulou todas as condenações de Lula sentenciadas por Moro na Justiça Federal do Paraná. Com a decisão, o petista voltou a ser elegível e apto a se candidatar a presidente em 2022. O caso foi levado ao plenário do STF, no dia 15 de abril, e a declaração de incompetência de Moro foi confirmada por 8 votos a 3.
— Houve essa decisão recente do Supremo em relação ao caso Lula e eu respeito o Supremo como instituição, mas eu sou forçado a afirmar que isso foi um grande erro do Judiciário. Todo mundo sabe a verdade ali, isso aconteceu durante o governo do PT e já tinha tido escândalo anterior, do ‘mensalão’. Então estou bem tranquilo em relação a isso — afirmou.
Uso político
Ainda nesta manhã, integrantes da cúpula da Polícia Federal (PF) disseram a jornalistas que querem o quanto antes um desfecho das investigações sobre as suspeitas de interferência política de Jair Bolsonaro na corporação. A dilatação do inquérito que contrapõe o presidente a Sergio Moro, avaliam esses policiais, é motivo de exposição para a PF, no centro de polêmicas envolvendo o Palácio do Planalto nos últimos tempos.
A chegada do ex-ministro da Justiça à pré-campanha presidencial para 2022 amplia esse desgaste. Aliados de Moro afirmam que as suspeitas que pesam contra o chefe do Executivo relativas à polícia serão inevitavelmente tema a ser explorado durante a campanha. E defendem a criação de mecanismos para blindar a polícia da ingerência dos políticos.
A tese de que Moro tentou salvar a polícia de Bolsonaro segue de pé e é motivo de instabilidade, disse à Folha um policial do alto escalão. Do lado presidente, a aposta é a de que o inquérito policial nada provará sobre as suspeitas e que o ex-juiz da Lava Jato sairá do episódio desmoralizado.