A montadora já havia anunciado férias coletivas para 300 trabalhadores e semanas reduzidas de trabalho. De acordo com o sindicato, a Mercedes tem 8 mil trabalhadores na unidade, sendo 6 mil na produção. E 2 mil estão no segundo turno.
Por Redação - de São Paulo
A montadora alemã Mercedes-Benz informou ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, nesta quinta-feira, que reduzirá sua produção neste ano; além de adotar turno único na fábrica de caminhões, em São Bernardo, a partir de maio. Esse corte de turno poderá durar de dois a três meses. A empresa informou ainda, aos trabalhadores, que entre os motivos da decisão estão a falta de peças – um problema recorrente da indústria – e a taxa de juros praticada no país.
A montadora já havia anunciado férias coletivas para 300 trabalhadores e semanas reduzidas de trabalho. De acordo com o sindicato, a Mercedes tem 8 mil trabalhadores na unidade, sendo 6 mil na produção. E 2 mil estão no segundo turno.
Financiamento
— É urgente abrir novas modalidades de financiamento do BNDES e baixar a taxa de juros, que é a segunda maior do mundo, para a retomada do setor. Os juros altos prejudicam o crescimento, impedem a melhoria da produção e a geração de empregos, com efeitos nocivos no setor de caminhões e autopeças — afirmou o diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos, Aroaldo Oliveira da Silva.
Além disso, os metalúrgicos lembram, que, no caso do setor de caminhões, em 2022 a houve uma antecipação de compras devido ao Euro 6, conjunto de normas regulamentadoras sobre emissão de poluentes para motores diesel.
— Estamos já em um processo de negociação com a Mercedes para avaliarmos as medidas possíveis e necessárias. Vamos pensar os próximos passos e as alternativas para atravessar esse período — acrescentou Aroaldo, também presidente do IndustriALL Brasil.
Veículos
Assim, a decisão do Comitê de Política Monetária, do Banco Central, de manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano tem sido alvo de críticas do governo, trabalhadores e empresários.
— Os financiamentos ficam mais caros, o crédito mais difícil e os investimentos no país ficam travados — pontuou.
Sindicalistas ainda citam dados da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), segundo a qual a taxa para aquisição de veículos ao ano chegou a 28,71% em dezembro.
“Em caminhões e ônibus, houve a redução da participação do BNDES Finame e aumento dos financiamentos de mercado. Em 2016, o Finame era responsável por 62% entre as modalidades de pagamento. No terceiro trimestre de 2022, 28%. Já os financiamentos saíram de 17%, em 2016, para 40% no período”, resumiu o sindicato, em nota, com dados da Anef elaborados pela subseção do Dieese.