O papa Francisco exortou o povo de Moçambique nesta quinta-feira a nutrir sua paz tão duramente conquistada.
Por Redação, com Reuters - de Maputo
O papa Francisco exortou o povo de Moçambique nesta quinta-feira a nutrir sua paz tão duramente conquistada e se empenhar para oferecer oportunidades iguais a todos para não voltar a mergulhar em uma guerra civil.
Francisco se dirigiu ao presidente Filipe Nyusi, do partido governista Frelimo, e a opositores do Renamo no palácio presidencial de estilo colonial.
Os dois lados da ex-colônia portuguesa travaram uma guerra civil de 15 anos que terminou em 1992 e matou cerca de um milhão de pessoas, mas só no mês passado assinaram um cessar-fogo permanente.
– No decorrer deste anos, vocês se deram conta de como a busca pela paz duradoura, uma missão que cabe a todos, pede um esforço vigoroso, constante e incansável. Pois a paz é como uma flor delicada, que se esforça para florescer no solo pedregoso da violência – disse-lhes o papa.
Há quem tema que, agora que o país de 28 milhões de habitantes se aproxima das eleições agendadas para o mês que vem, a violência possa irromper, particularmente em áreas rurais onde os ex-rebeldes têm mais influência.
Discurso
Ossufo Momade, líder do Renamo, estava na plateia do discurso papal e recebeu uma salva de palmas quando o presidente o mencionou.
Em seu discurso ao papa, o presidente prometeu ajudar a erguer uma nação “onde a não-violência se torne uma cultura vivida por todos, onde a política seja praticada por meio da força do argumento, e não a força das armas”.
Mas Francisco disse que, se quiserem uma paz duradoura, os líderes têm que desestimular qualquer forma de fanatismo e exaltação e se esforçar para melhorar as condições e oportunidades para os marginalizados
– Sem oportunidades iguais, as diferentes formas de agressão e conflito encontrarão um terreno fértil para crescer e eventualmente explodir – disse Francisco, que chegou a Moçambique na noite de quarta-feira.
De acordo com o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA), 80% da população de Moçambique não pode arcar com os custos mínimos de uma dieta adequada.
– Certamente é um bom dia para a paz e a reconciliação – disse Myrta Kaulard, coordenadora-residente da Organização das Nações Unidas (ONU) em Moçambique. “Para boas eleições é preciso paz. Para o desenvolvimento é preciso paz.”
Francisco também tocou nos problemas ambientais, outro tema importante da viagem que ainda o levará a Madagascar e às Ilhas Maurício.