Em audiência em comissão no Congresso, Funchal afirmou que o projeto — de autoria do deputado Mauro Benevides (PDT-CE)-- abriria espaço para que R$ 100, R$ 120 ou R$ 130 bilhões possam ser utilizados para pagar contas no final deste ano, reduzindo a pressão para emissão de mais títulos públicos.
Por Redação - de Brasília
Secretário do Tesouro, o economista Bruno Funchal referiu-se, nesta terça-feira, ao projeto que tramita no Congresso para ‘descarimbar’ recursos de fundos como uma “medida importante para reduzir pressão desafiadora” sobre a dívida, num contexto em que o país tem baixíssima margem de manobra para elevação de gastos.
Em audiência em comissão no Congresso, Funchal afirmou que o projeto — de autoria do deputado Mauro Benevides (PDT-CE) — abriria espaço para que R$ 100, R$ 120 ou R$ 130 bilhões possam ser utilizados para pagar contas no final deste ano, reduzindo a pressão para emissão de mais títulos públicos.
— Esse volume de recursos pode ser usado para pagar parte das despesas e a gente não pressiona, não aumenta necessidade de emissão que já vem sendo bem sendo bastante desafiadora nesses últimos meses — disse.
Pandemia
Ainda segundo Funchal, “o volume médio de emissões de títulos públicos nos nossos leilões mensais era de R$ 60 bilhões por mês”
— A gente nos últimos meses ficou em torno de R$ 150, R$ 170 bilhões. É um volume muito alto — acrescentou. De acordo com o secretário, diante do quadro atual, “nosso espaço para aumentar qualquer despesa é muito, muito, muito reduzido, se não zero”.
Bruno Funchal também reforçou a importância de o país não tornar permanentes gastos públicos feitos em 2020 para o enfrentamento da crise da pandemia de covid-19. Ele ressaltou que as escolhas a serem feitas ao longo do próximo um mês e meio determinarão o rumo da economia nos anos à frente.
— Tão importante quanto as próprias reformas, para voltar a colocar o Brasil no trilho e manter um ambiente econômico saudável, é a virada de página. Acho que esse momento de final do ano é fundamental para definir muito do que vai acontecer nos próximos dez anos da economia brasileira — disse Funchal, no encontro.
Contas públicas
Funchal acrescentou que “não podemos ter um Orçamento paralelo em 2021, a gente tem que voltar à normalidade em 2021. Essa volta é tão importante como a própria continuidade do processo das reformas estruturais”. Ele ressaltou ainda que, no passado, a perenização de gastos criados para lidar com problemas temporários causou um estrago “muito grande”.
Funchal destacou que, se antes da crise da pandemia o país estava reorganizando suas contas e caminhava para voltar a computar superávits primários em 2022 ou 2023, a previsão agora é de chegar ao final deste ano com um déficit primário de 11% a 12% do PIB.
— A reorganização fiscal passa a ser mais importante do que nunca, e nisso é importante a gestão — encerrou.