Rio de Janeiro, 26 de Março de 2025

Milhares de manifestantes protestam contra Netanyahu em Jerusalém

Milhares protestam em Jerusalém contra Netanyahu, criticando a guerra em Gaza e a situação dos reféns. Manifestantes clamam por democracia e paz.

Quarta, 19 de Março de 2025 às 11:09, por: CdB

A manifestação acontece pouco depois de Israel voltar a bombardear a Faixa de Gaza e reúne também familiares de reféns mantidos pelo Hamas no enclave.

Por Redação, com CartaCapital – de Jerusalém

Milhares de manifestantes vaiaram, nesta quarta-feira, em Jerusalém, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu que foi acusado de adotar uma guinada antidemocrática e de continuar a guerra contra o Hamas sem levar em consideração os 58 reféns sob poder do movimento palestino na Faixa de Gaza.

Milhares de manifestantes protestam contra Netanyahu em Jerusalém | Israelenses protestam contra o regime de Benjamin Netanyahu em Israel
Israelenses protestam contra o regime de Benjamin Netanyahu em Israel

A manifestação, a maior dos últimos meses, foi organizada por grupos de oposição a Netanyahu, que protestam contra sua decisão de destituir Ronen Bar, o chefe do Shin Bet, o serviço de inteligência interno e de segurança.

O protesto diante do Parlamento israelense também contou com a presença dos parentes dos reféns, que criticaram os bombardeios na Faixa de Gaza.

Continue lendo

– Esperamos que todo o povo de Israel se una ao movimento e continue até que a democracia seja restabelecida e os reféns sejam libertados – disse à agência francesa de notícias AFP Zeev Berar, de 68 anos, que viajou de Tel Aviv.

“Você é o chefe, você tem a culpa” e “Você tem sangue nas mãos” eram duas frases gritadas pelos manifestantes. Outros exibiam cartazes com “Todos somos reféns” ou pedidos para que os Estados Unidos para “Salvem Israel de Netanyahu”.

Os parentes dos reféns consideram que, ao autorizar a retomada dos bombardeios na terça-feira, o primeiro-ministro “sacrificou” os reféns ainda vivos, que poderiam ter morrido sob as bombas.

Os manifestantes acusam Benjamin Netanyahu de aproveitar a guerra contra o Hamas para silenciar as críticas e concentrar o poder nas mãos do governo.

Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 em Israel, que desencadeou a guerra, 58 continuam em cativeiro, das quais o Exército israelense considera que 34 estão mortas.

Netanyahu anunciou no domingo que pretende destituir o chefe do Shin Bet, alegando que não tem confiança nele devido ao fracasso de Ronen Bar em impedir o ataque de 7 de outubro.

O governo de Netanyahu também iniciou um procedimento legislativo contra a Procuradoria-Geral de Israel, que manifestou reservas sobre sua política.

Netanyahu diz que novos bombardeios em Gaza são ‘apenas o começo’

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu que os grandes bombardeios de terça-feira na Faixa de Gaza são “apenas o começo” e afirmou que a pressão militar é essencial para garantir a liberação dos reféns ainda nas mãos do Hamas.

Os bombardeios, que deixaram mais de 400 mortos, segundo o Hamas, são os primeiros de tal escala desde a entrada em vigor de um acordo de cessar-fogo em 19 de janeiro.

O movimento islamista palestino acusou Israel de violar a trégua e de querer impor um “acordo de rendição”.

Além disso, pediu aos “países amigos” que “pressionem” os Estados Unidos para que interrompam os bombardeios.

“Pedimos aos países amigos que apoiam a justa causa palestina a pressionar o governo americano para que cesse essa agressão e essa guerra genocida contra civis indefesos”, afirmou o Hamas em um comunicado.

O Hamas “já sentiu nossa força”, disse Netanyahu em uma transmissão televisiva, assegurando que isso é “apenas o começo”.

“A partir de agora”, as negociações sobre a libertação dos reféns que ainda estão em Gaza “serão realizadas somente sob fogo”, respondeu o primeiro-ministro, após ser acusado pelas famílias dos reféns de “sacrificá-los”.

Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro de 2023 no território israelense, 58 ainda estão em Gaza, 34 das quais foram declaradas mortas pelo exército israelense.

Esse ataque desencadeou a guerra em Gaza, até que a trégua a colocou em pausa, graças a um acordo negociado com mediadores (Catar, Estados Unidos e Egito).

– Este não é um ataque de um dia – avisou o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar.

O governo israelense enfatizou que os ataques estão sendo realizados “em total coordenação” com os Estados Unidos, seu principal aliado.

Essa escalada gera temores de uma retomada da guerra no território palestino sitiado.

‘Fogo do inferno’

– Os bombardeios, com aviões e tanques, reacenderam o fogo do inferno em Gaza – disse Ramez al Amarin, um palestino deslocado que vive em uma tenda na Cidade de Gaza.

Ao menos 413 palestinos morreram, “em sua maioria crianças e mulheres, e centenas ficaram feridos”, informou o Ministério da Saúde do Hamas, que tomou o poder em Gaza em 2007 e é considerado “terrorista” por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

Entre os mortos estão líderes do Hamas e um membro da Jihad Islâmica, segundo os dois movimentos, que são aliados.

Mesmo antes da ordem israelense de evacuar áreas do norte de Gaza, as famílias palestinas fugiram, com bolsas e cobertores empilhados sobre suas cabeças.

Após 15 meses de guerra entre Israel e Hamas, em 19 de janeiro entrou em vigor a primeira fase do acordo de trégua, durante a qual 33 reféns foram devolvidos, oito deles mortos, em troca de cerca de 1,8 mil prisioneiros palestinos.

Essa etapa terminou em 1º de março e, desde então, as negociações indiretas estão paralisadas, com ambas as partes se acusando mutuamente de bloqueá-las.

O Hamas quer passar para a segunda fase do acordo, que prevê um cessar-fogo permanente, a retirada israelense de Gaza, a reabertura das passagens da fronteira para a entrada de ajuda e a liberação dos últimos reféns.

Já Israel quer que a primeira fase seja estendida até meados de abril e exige, para passar para a segunda, a “desmilitarização” de Gaza e a saída do Hamas.

Os ataques são consequência da “recusa repetida do Hamas em liberar nossos reféns”, afirmou o governo israelense.

O Fórum das Famílias, principal associação de familiares de reféns, acusou Netanyahu de “sacrificar” seus parentes sequestrados.

A incursão de 7 de outubro deixou 1.218 mortos do lado israelense, na sua maioria civis, de acordo com um levantamento da AFP baseado em dados oficiais, incluindo os reféns que morreram em cativeiro.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva em Gaza que, antes dessa nova onda de bombardeios, matou 48.572 pessoas, também a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

Vários países árabes e europeus, assim como Rússia, Turquia e Irã, condenaram os novos bombardeios.

O Egito denunciou uma tática israelense para pressionar os palestinos a abandonar Gaza, enquanto o Irã condenou um “genocídio”.

– O povo de Gaza vive mais uma vez com um medo abjeto – lamentou o chefe do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU, Tom Fletcher.

No sul de Israel, soaram as sirenes de alerta, e o exército israelense indicou que havia “interceptado” um míssil disparado do Iêmen, onde os rebeldes huthis, aliados do Hamas, assumiram a responsabilidade pelo lançamento.

Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo