No México, os cidadãos elegerão 500 membros da Câmara de Deputados, 15 dos 32 governadores estaduais e prefeitos em 1,9 mil municípios. Com quase 94 milhões de eleitores habilitados, o pleito é considerado o maior da história do país.
Por Redação, com BdF - de Cidade do México e Lima
Eleitores mexicanos e peruanos foram às urnas, neste domingo, apesar da pandemia, para eleger seus representantes em um contexto de polarização política e tensão social. No país andino, está em disputa o segundo turno das eleições presidenciais. São esperados cerca de 25 milhões de eleitores, que deverão escolher entre Pedro Castillo (Peru Livre), de esquerda, e Keiko Fujimori (Força Popular), de direita.
No México, os cidadãos elegerão 500 membros da Câmara de Deputados, 15 dos 32 governadores estaduais e prefeitos em 1,9 mil municípios. Com quase 94 milhões de eleitores habilitados, o pleito é considerado o maior da história do país.
Resultado imprevisível
No Peru, o candidato considerado"azarão" pela mídia local, Pedro Castillo, foi o mais votado no primeiro turno, chegou a abrir 20 pontos de vantagem e liderava em todas as pesquisas eleitorais com vantagem mínima. Professor e sindicalista, ele tem como principais bandeiras a defesa da educação, o combate à pobreza e ao neoliberalismo.
A adversária é filha do ex-ditador Alberto Fujimori (1990-2000) e disputa a Presidência pela terceira vez. Se na campanha de 2016 a estratégia foi "suavizar" sua imagem, apresentando-se como democrata e moderada, desta vez Keiko apela descaradamente ao fujimorismo.
Integrantes do partido Peru Livre acusam a mídia local e os apoiadores de Fujimori de praticar terruqueo, termo que em português pode ser entendido como criminalização, ou falsas acusações de terrorismo.
O medo é um dos pilares da campanha de Fujimori, que alerta para uma "ameaça democrática", que seria representada por Castillo, e para possíveis consequências econômicas de uma vitória do adversário, comparando-o a Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, alvo de sanções econômicas dos EUA.
Obrador no México
Dos 500 deputados sairão das urnas no México, neste domingo, 300 entram por maioria simples em cada um dos distritos, e os demais pelo princípio de representação ou legenda, como no Brasil. Eles tomarão posse a partir de 1º de setembro.
O partido Movimiento Regeneración Nacional (Morena), do presidente de centro-esquerda Andrés Manuel Lopez Obrador, faz parte da coligação Juntos fazemos história, que lidera as pesquisas com cerca de 49% das intenções de voto nos 183 distritos em que lançou candidatos. A coligação reúne ainda o Partido do Trabalho (PT) e o Partido Verde Ecologista do México (PVEM).
Se os resultados das pesquisas se confirmarem, López Obrador deve perder os dois terços que hoje tem na Câmara, mas manter a maioria simples. Hoje, o presidente tem 334 deputados aliados. A principal coligação de oposição, que reúne o Partido Ação Nacional (PAN), o Partido Revolucionário Institucional (PRI) e o Partido da Revolução Democrática (PRD), tem 137 e, segundo as pesquisas, poderia chegar a 160.
Campanha
Para aprovar o orçamento, por exemplo, basta maioria simples no Congresso. Mudanças na Constituição, por outro lado, exigem maioria qualificada (dois terços). Um dos principais temas em disputa é a privatização do setor de energia, que avança no Legislativo. Com maioria qualificada, Lopez Obrador teria mais condições de frear esse processo, como prometeu na campanha presidencial.
Mais que qualquer assunto, o que chama atenção na eleição mexicana é o alto índice de violência. A campanha terminou no último dia 3 com um saldo de 89 assassinatos de políticos. Dentre as vítimas, 34 eram candidatos no atual pleito. Outros 750 postulantes a cargos públicos foram agredidos. Esses números, registrados nos últimos nove meses, fazem da atual campanha a mais violenta da história.