“José Gregori teve sua trajetória marcada pela defesa dos direitos humanos e da democracia. O Ministério manifesta condolências aos familiares, amigos e admiradores de José Gregori, cuja vida foi um exemplo a ser seguido e jamais esquecido”, compartilhou o MDHC, em suas redes sociais.
Por Redação - de São Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Ministério dos Direitos Humanos (MDHC) e representantes da República prestaram homenagem à memória do ex-ministro da Justiça José Gregori, que morreu aos 92 anos, na noite passada. Gregori, que foi também secretário Nacional dos Direitos Humanos, estava internado há mais de dois meses em São Paulo e teve complicações por causa de uma pneumonia.
O velório teve início nesta segunda-feira, às 8h, e prosseguiu até às 14h no Funeral Home, bairro da Bela Vista, região central da capital paulista. O enterro ocorreu às 15h, no Cemitério da Consolação.
“José Gregori teve sua trajetória marcada pela defesa dos direitos humanos e da democracia. O Ministério manifesta condolências aos familiares, amigos e admiradores de José Gregori, cuja vida foi um exemplo a ser seguido e jamais esquecido”, compartilhou o MDHC, em suas redes sociais.
Presos políticos
Com mais de seis décadas na defesa das garantias fundamentais, Gregori formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) em 1954, e marcou presença já desde o início de sua trajetória profissional em eventos contra movimentos antidemocráticos. Uma década depois, com o início da ditadura civil-militar, o paulistano foi voz influente na resistência ao regime.
O advogado também passou a atuar na defesa de presos políticos. Em 1977, Gregori foi um dos signatários da ‘Carta ao Brasileiros’, documento que entrou para a história como um dos marcos na luta pela redemocratização.
Quase 20 anos depois, foi nomeado chefe de gabinete do então ministro da Justiça, Nelson Jobim. Foi quando esteve à frente do projeto de elaboração da Lei dos Desaparecidos Políticos e da elaboração do Plano Nacional dos Direitos Humanos. Filiado ao PSDB, Gregori foi secretário nacional de Direitos Humanos entre 1997 e 2000.
Evaristo Arns
Na sequência, tornou-se ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O jurista também foi membro fundador da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns. Criado em 2019, o grupo atua para dar visibilidade e acolhimento institucional a graves violações de direitos humanos.
Em 11 de agosto do ano passado, Gregori também se somou à articulação que reeditou a ‘Carta às Brasileiras e aos Brasileiros – Estado Democrático de Direito Sempre’, contra as ameaças à democracia do país, representadas na figura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em vídeo gravado para a leitura no Pátio das Arcadas, na Faculdade de Direito da USP, o ex-ministro destacou que não poderia haver estado democrático de direito sem respeito aos direitos humanos.
“Muito obrigado, José Gregori. Seu legado jamais será esquecido”, acrescentou o ministro Silvio Almeida em seu perfil pessoal.
Pesar
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também manifestou pesar pela morte. “O jurista José Gregori sempre foi um grande defensor dos direitos humanos e do Estado Democrático de Direito no Brasil, principalmente nos momentos mais desafiadores para nossa democracia. Neste momento de tristeza, envio meu abraço aos seus familiares, amigos, companheiros de militância política e admiradores”.
O vice-presidente Geraldo Alckmin disse ter ficado “consternado” com a notícia da morte do ex-ministro, com quem conviveu como colega na Assembleia Legislativa de São Paulo. “O ministro Gregori é símbolo da luta pela democracia, pela legalidade e pelos direitos humanos no Brasil, ajudou a fincar as bases dessa luta. Lula e eu tivemos a alegria e o prestígio do seu apoio durante a campanha. Que Deus conforte a família e os amigos”, afirmou Alckmin.
Pelo Twitter, a Comissão Arns também lamentou a perda e saudou a luta de José Gregori. “Seu legado em defesa dos direitos humanos não será esquecido! Nossa solidariedade aos familiares”, concluiu.