Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Médicos de Curitiba denunciam condições precárias de trabalho 

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Sexta, 13 de Maio de 2022 às 11:27, por: CdB

Falta de pediatras, de medicamentos e insumos para crianças, assédio moral com a pressão para que os médicos realizem cada vez mais consultas em menos tempo; mudanças do local de trabalho sem aviso prévio; locais de trabalho inadequados para as consultas.

Por Redação, com Brasil de Fato - de Brasília

Os médicos contratados pela Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba (Feas) e que trabalham nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do município vêm denunciando a falta de condição de trabalho que, além de impactar na saúde dos profissionais, tem trazido insegurança no atendimento à população.
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Em assembleia, profissionais contratados pela Feas definiram pauta de reivindicações e a demanda para que os problemas sejam resolvidos de forma urgente
Falta de pediatras, de medicamentos e insumos para crianças, assédio moral com a pressão para que os médicos realizem cada vez mais consultas em menos tempo; mudanças do local de trabalho sem aviso prévio; locais de trabalho inadequados para as consultas e interferências das chefias nas decisões clínicas dos profissionais são alguns dos problemas, entre outros. Em assembleia realizada pelo Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar), os profissionais de saúde contratados pela Feas definiram uma pauta de reivindicações e a solicitação que os problemas sejam resolvidos de forma urgente. O médico Alceu Pacheco Fontana Neto, dirigente do sindicato e vinculado a quatro unidades de saúde de Curitiba, relata que há médicos querendo desistir diante das condições de trabalho. “O que mais temos recebido de queixas é sobre assédio de chefias e número reduzido de profissionais,” diz.

Faltam pediatras, medicamento e insumos

Alceu conta que devido à sobrecarga de trabalho, muitos pediatras estão solicitando exoneração. “Os pediatras estão quase todos com Síndrome de Burnout e muitos pedindo exoneração devido ao excesso de trabalho e assédio moral. Além disso, os pediatras estão sem insumos e medicamentos adequados para as crianças”, conta. – Ainda acontece de ficar apenas um pediatra para atender todas as crianças internadas ou aguardando transferência. Isso tem gerado um estresse desumano – conclui. Durante a assembleia, médicos e médicas reiteraram que também há falta de profissionais nas escalas, especialmente nas UPAs, durante as noites.

Assédio moral

Outra situação que se repete em vários locais de trabalho é o constante assédio moral por parte de chefias. “Na UPA Pinheirinho, existe um 'controlador' que fica responsável por colocar os pacientes nos boxes de atendimento e que fixa controlando tempo de consulta, descanso e até de banheiro dos profissionais”, relatou um dos médicos, que não quis ser identificado. Também acontecem trocas do local de trabalho sem aviso prévio, sem a disponibilização de transporte e por comunicações durante o horário de descanso dos médicos. Outra irregularidade relatada na reunião foi a interferência da coordenação das UPAs no diagnóstico dos profissionais, de forma remota, excluindo pacientes da espera por vaga na central de leitos, contrariando o diagnóstico do médico do plantão que o avaliou presencialmente. A Feas é um órgão de administração indireta que executa e desenvolve ações do Sistema Único de Saúde (SUS). A prestação de serviços da Feas é realizada exclusivamente pelo SUS, por meio do contrato de gestão com a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (SME). Ela é responsável pela contratação, via CLT, dos médicos das UPAs e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Também administra os serviços de Nutrição, Laboratório e Radiologia das UPAs.

Reivindicações

A pauta de reivindicações definida durante a Assembleia e enviada à SMS e FEAS solicita, com urgência, melhores condições de trabalho a partir da reposição de profissionais, interrupção de processos de terceirização, do pagamento de insalubridade de grau máximo, conforme determinação judicial durante a pandemia, fiscalização de denúncias sobre assédio moral, além do reajuste de honorários, que não acontece desde 2020, e o pagamento da data base. Em nota ao Brasil de Fato, a assessoria da Feas esclarece que "as escalas de pediatras nas UPAs estão de acordo com o previsto pelo Ministério da Saúde; os remanejamentos são realizados em caso de necessidade, uma vez que os profissionais são contratados para atuar nas unidades da fundação, não em uma unidade específica; em relação ao tempo de consulta, não é pré-determinado um tempo mínimo quando se trata de urgência e emergência e quanto a supostos casos de assédio moral, a fundação adota procedimentos para apurar e tomar as medidas administrativas cabíveis.” A nota ainda diz que “a fundação não foi informada pelas equipes sobre eventual falta de insumos, equipamentos e necessidade de padronização de novos insumos." E, por fim, que vai "avaliar os pontos observados pelos médicos em relação à UPA Pinheirinho."
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