Ativistas antiglobalização fizeram um protesto pelados nesta segunda-feira no balneário de Cancun, no México, onde será realizada uma reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Cerca de trinta homens e mulheres tiraram as roupas e deitaram sobre a areia da praia, formando com os corpos a frase "NO WTO" ("Não à OMC"). A poucos metros dali, ministros participavam de discussões preliminares sobre a reunião que se inicia na quarta-feira.
"Foi uma demonstração do verdadeiro uniforme dos ativistas", afirmou Dave Meddlell, ambientalista norte-americana.
"Foi uma declaração de abertura para reafirmar o nosso ponto e deixar claro que a OMC não vai passar em branco", ele disse.
A polícia mexicana apenas observou o protesto. Milhares de ambientalistas norte-americanos, camponeses ativistas mexicanos e ativistas europeus chegaram a Cancun para protestar também contra instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Nós, os pobres do mundo, não ganhamos nada com a OMC, o FMI e o Banco Mundial. Eles trabalham pelo interesse de grandes empresas", disse Mangaliso Kubheka, ativista do Movimento dos Povos Sem Terra da África do Sul.
Outros manifestantes discursavam contra a globalização ao lado de uma pintura de Emiliano Zapata, líder camponês da revolução mexicana de 1910-1917, e de uma enorme foto do revolucionário latino-americano Ernesto Che Guevara.
Carros cheios de policiais patrulhavam as ruas que cercam o centro, onde ocorrerá a partir de quarta-feira o encontro interministerial entre os 146 países membros.
Nos hotéis do balneário turístico, ministros tentavam afinar o discurso antes do início do encontro de cinco dias.
O presidente dos EUA, Geroge W. Bush, somou esforços ligando para os presidentes do Brasil, África do Sul e Paquistão, bem como para o primeiro-ministro indiano, todos críticos das políticas comerciais norte-americanas. Bush lhes pediu ajuda para chegar a um consenso.
"O presidente ressaltou que um resultado ambicioso e bem-sucedido em Cancun, especialmente na agricultura, beneficiará a todos os países", disse o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan,
Economistas acreditam que um entendimento nas negociações seriam uma injeção de confiança para a enfraquecida economia mundial. Entretanto os encontros estão se mostrando mais como uma batalha entre os países ricos e em desenvolvimento sobre os subsídios agrícolas.
O Brasil e a Argentina, além dos países africanos, reclamam que seus agricultores sofrem com a competição injusta, já que as nações desenvolvidas, particularmente os Estados Unidos e a União Européia, subsidiam seu produtores agrícolas com cerca de 300 bilhões de dólares por ano.
Os membros da OMC tentarão também chegar a um acordo sobre a redução de tarifas industriais, além de negociar novas regras internacionais que incluam a questão do investimento.
Em Washington, o presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, apresentou apenas intenções modestas com relação ao encontro.
"Seria arriscado para qualquer um prever que Cancun significará uma grande mudança. Nossa esperança á que haja algum progresso", disse Wolfensohn.