Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Magno Malta é denunciado ao Conselho de Ética após fala racista contra Vinicius Jr.

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Quarta, 24 de Maio de 2023 às 14:12, por: CdB

O motivo é uma fala de Malta durante reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa a respeito dos ataques racistas sofridos pelo jogador do Real Madrid, Vinicius Júnior, no último domingo. 


Por Redação, com RBA e CartaCapital - de Brasília/Genebra


O Psol afirmou, na tarde de segunda-feira, que entrará com uma representação contra o senador Magno Malta (PL-ES) no Conselho de Ética do Senado e também com uma notícia-crime junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).




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No domingo, o atacante do Real Madrid foi alvo de insultos durante a derrota de sua equipe por 1 a 0 para o Valencia

O motivo é uma fala de Malta durante reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa a respeito dos ataques racistas sofridos pelo jogador do Real Madrid, Vinicius Júnior, no último domingo. O episódio de racismo ocorreu durante uma partida pelo campeonato espanhol.


Na reunião, o senador fez um contraponto às manifestações de apoio ao jogador e questionou a ausência de defensores dos macacos, a quem o atacante brasileiro foi comparado pela torcida do time adversário, o Valencia.


– Você só pode matar alguma coisa com o próprio veneno de alguma coisa, está bem? Então, é o seguinte: cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco? O macaco está exposto. Vejam quanta hipocrisia! E o macaco é inteligente, está bem pertinho do homem, a única diferença é o rabo. É ágil, valente, alegre; tudo o que você possa imaginar ele tem – disse o senador Magno Malta.


Ele acrescentou que, no lugar de Vini Jr, entraria em campo “com uma leitoinha branca nos braços” e beijaria o animal para provar que não tem nada contra os brancos. Em seguida, afirmou que Vinicius Júnior está sendo “revitimizado”. Não é a primeira vez que o atleta sofre ataques racistas na Espanha.


Malta concluiu classificando como “uma barbaridade” o que fizeram contra o jogador e relativizou o componente racial das ofensas. “Naquilo que fizeram com ele, a gente leva tudo para a cor da pele, mas tem muita coisa envolvida ali: tem inveja, queria ser ele e não é queria driblar igual a ele e nunca conseguiu; é pai que queria ver os filhos jogarem, botou na escolinha de futebol, mas não deu em nada, zero… Aí tem inveja”.



Representação


Pelas redes sociais, o partido confirmou a intenção de representar contra o senador. O líder do partido na Câmara, Guilherme Boulos (SP), criticou o tom do discurso do senador. “É uma vergonha que um sujeito desse represente o povo brasileiro. Uma amostra do nível da oposição bolsonarista que o PSOL enfrenta todos os dias no Congresso”.



Outro lado


Já na sessão plenária do Senado, horas depois, Malta defendeu-se das acusações. “Estão dando uma interpretação ao modo que querem a uma analogia que fiz. Nós fizemos um momento de solidariedade ao Vinícius Junior”.



ONU


O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, denunciou nesta quarta-feira os insultos racistas proferidos contra o atacante brasileiro Vinícius Júnior (Real Madrid) durante uma partida na Espanha e pediu esforços conjuntos para erradicar esse flagelo do esporte.


– Fazemos um apelo a todos estes eventos esportivos do mundo para enfrentar, combater e prevenir o racismo – declarou Turk, em entrevista coletiva em Genebra, antes de destacar que osnovo incidente é um “lembrete brutal da prevalência do racismo no esporte” .


No domingo, o atacante do Real Madrid, de 22 anos, foi alvo de insultos, inclusive racistas, durante a derrota de sua equipe por 1 a 0 para o Valencia.


O incidente provocou um grande impacto na Espanha, onde os casos de racismo são registrados há várias décadas nos estádios, sem resultar em verdadeiras sanções penais.


Neste caso em específico, Turk saudou, no entanto, “uma reação muito forte das autoridades”, destacando que “começaram a prender pessoas muito rapidamente na sequência”.


– Uma investigação deve acontecer. Este é um assunto que vai preocupar a Justiça – acrescentou.


Para a principal autoridade dos direitos humanos da ONU, “os que organizam eventos esportivos levam a questão muito a sério”.


Embora reconheça os inúmeros aspectos positivos do esporte, Turk afirma que também é preciso “lidar com o lado sombrio”.


O alto comissário pediu a seus serviços para preparar um relatório de orientação sobre a questão do racismo no esporte.


– Queremos propor um certo número de ideias claras sobre as normas relativas aos direitos humanos em eventos esportivos – insistiu, citando os problemas de participação, de inclusão e da “luta contra a estigmatização e o racismo”.


– Constatamos uma discriminação em um amplo leque de questões, incluindo discriminação de gênero e discriminação contra pessoas LGBTI que também participam de eventos esportivos – disse Turk.


É preciso que fique absolutamente claro, frisou, que “o racismo é completamente inaceitável” e, nesse sentido, pediu a todos que façam um exame de consciência.


– Será que eu tenho um preconceito? (…) Como eu reajo quando vejo outra pessoa lançando um insulto racista? (…) Eu me acomodo, eu respondo a isso? –  questionou.


– Temos que encontrar maneiras de erradicá-lo completamente no século XXI. Isso exige que todos enfrentem (o problema) – completou.



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