Naquela época, o Napoli Calcio contava com craques como Diego Maradona e Careca e venceu dois títulos italianos e uma Copa da Uefa.
Então presença constantes nas listas dos melhores times do mundo, o clube se tornou um símbolo do sucesso em meio à pobreza que prevalece na região sul da Itália.
Mas as décadas seguintes foram de decadência, culminando com o rebaixamento, neste ano, à terceira devisão do Campeonato Italiano devido à sua falência, declarada após o acúmulo de uma dívida de 70 milhões de euros (R$ 258 milhões).
A tarefa de reverter este processo agora cabe a de Laurentis, produtor de filmes como Sky Captain e o Mundo de Amanhã, que comprou a equipe na metade do ano.
Estratégia
Ele mudou o nome do clube para Napoli Soccer e instituiu um prazo de 15 dias para que a equipe se preparasse para o começo do campeonato.
Sua estratégia é de investir em jogadores jovens e usar sua experiência no mercado cinematográfico para reforçar as finanças do clube.
"Vender direitos (de transmissão de TV) eu consigo com a minha mão esquerda", afirma o produtor.
"Eu posso falar com Rupert Murdoch pelo telefone com um estalar de dedos", diz De Laurentis, referindo-se ao acionista majoritário da SKY, uma empresa que investe pesado na transmissão de futebol na Europa.
"Entendo a importância de servir os nove milhões de fãs do Napoli em todo o mundo e de administrar esta operação como uma empresa bem-sucedida", diz o cartola-produtor.
Não vai ser fácil - após 15 rodadas, o Napoli ocupa apenas a sétima posição no Grupo B da Série C, a terceira divisão italiana.
Para tentar melhorar a situação do time, De Laurentis pretende investir em reforços na reabertura do mercado europeu - um dos alvos é o brasileiro Piá, do Atalanta. O time já conta com outro brasileiro, Leandro, ex-Guarani.
Cidade colorida
A recuperação de seu adorado time de futebol certamente seria visto com bons olhos pelos napolitanos, que são comumente relacionados entre os mais apaixonados torcedores da Itália - mesmo na terceira divisão, o time consegue levar ao estádio San Paolo cerca de 30 mil pessoas por fim de semana.
E seria uma notícia positiva para Nápoles, que vem enfrentando problemas como a falta de criação de empregos e o recrudescimento de conflitos do crime organizado.
Para muitos moradores dos subúrbios da cidade, o rebaixamento de seu time para a Série C foi a gota d'água.
"É uma tortura jogar contra times minúsculos em vilarejos", diz o torcedor Alexander.
"Quando a bola sai do campo, a garotada que está parque chuta ela de volta. É doloroso."
Para o jornalista Paolo Barbutto, do jornal Il Mattino, a abalada economia da cidade também beneficiaria com um retorno da equipe alviceleste ao mais alto nível do futebol italiano.
"Estimamos que, quando o Napoli está jogando na primeira divisão, 1 milhão de euros são injetados na economia informal nos domingos de jogo", afirma Barbutto.
De Laurentis afirma que ele também tem uma relação tão profunda com a cidade quanto com o clube que comprou - seu pai é napolitano.
"Para mim, Nápoles representa a vida", diz o produtor.
"Todas as cidades da Itália são em preto e branco. Só Nápoles é colorida."