Questionado sobre o principal “gargalo” que impede o Brasil de manter uma curva de crescimento sustentável e competitiva no cenário internacional, o presidente voltou a criticar a alta taxa de juros mantida pelo Banco Central (BC).
Por Redação – de Salvador
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira, que seu governo tem analisado onde é possível cortar gastos públicos e buscado verificar se “há abusos” em programas sociais. Setores do mercado financeiro têm pressionado o governo a promover a redução de despesas, para equilibrar o Orçamento da União.
— Importante lembrar que quem propôs o arcabouço fiscal foi o próprio governo, que contou com o apoio da maioria dos parlamentares para aprová-lo no Congresso. Então, é claro que vamos cumpri-lo. Estamos analisando onde é possível fazer cortes e se há abusos em alguns programas. O que tenho dito, e repetido, é que os cortes não podem penalizar os mais pobres, que mais precisam do Estado — disse, em entrevista nesta manhã ao concedeu uma entrevista ao jornal baiano A Tarde.
Taxa Selic
Questionado sobre o principal “gargalo” que impede o Brasil de manter uma curva de crescimento sustentável e competitiva no cenário internacional, o presidente voltou a criticar a alta taxa de juros mantida pelo Banco Central (BC).
— O nosso maior gargalo são os juros altos, um dos maiores do mundo, que encarecem o crédito e limitam a atividade econômica — pontuou, após lembrar a histórica falta de investimentos em educação.
Lula apresentou, ainda, dados econômicos que desmontam a tese do Banco Central para justificar o patamar atual da taxa Selic.
— O Brasil tem inflação baixa, um projeto consistente de retomada de obras de infraestrutura, um governo responsável, reservas internacionais, recordes de balança comercial. A média de crescimento do PIB nos meus dois primeiros mandatos foi de 4,1% e agora, no terceiro, já estamos crescendo acima das expectativas do mercado — lembrou.
Crescimento
O presidente também espera que “os juros baixem e que aproveitemos as oportunidades que a transição energética, nossa agricultura, nossas empresas e a inclusão dos mais pobres podem trazer para fazer a roda da economia girar e construirmos um crescimento inclusivo, sustentável, constante e mais vigoroso”.
De acordo com o líder brasileiro, ele indicará alguém “responsável” para assumir a presidência do BC ao fim do mandato de Roberto Campos Neto.
— Acho que um presidente do Banco Central precisa ter o compromisso com o controle da inflação – até porque a inflação penaliza principalmente os mais pobres -, mas também com o crescimento do país. Precisa ser alguém com muito senso de responsabilidade com o Brasil — acrescentou.
Rodovias
Para controlar os gastos do governo federal, segundo Lula, a equipe econômica vem promovendo uma revisão de seus gastos.
— A gente só gasta aquilo que a gente tem. Se a gente tiver que fazer uma dívida, a gente tem que saber se a gente tem dinheiro para pagar. Se não tiver, não faça a dívida porque você vai quebrar. É assim que eu quero cuidar do Brasil. Eu quero aumentar a riqueza, quero aumentar a arrecadação, a distribuição e o bem-estar da sociedade brasileira. Então estamos fazendo um estudo, um pente-fino para saber se tem alguma coisa errada, se tem alguém recebendo o que não deveria receber — resumiu.
Na Bahia, Lula participou nesta segunda-feira da inauguração do Lote 6 de duplicação e adequação de obras da BR-116/BA, entre Santa Bárbara e Feira de Santana (km 387,4 e o km 427,8), incluindo o Contorno Oeste de Feira de Santana, na Bahia. Durante a cerimônia, o presidente anunciou R$ 2,4 bilhões em investimentos e melhorias na estrutura rodoviária da Bahia.
O Estado, que conta com a maior malha rodoviária do país, terá a pavimentação de trechos da rodovia BR-030, rota com importante relevância para o escoamento de grãos e assume papel significativo na ligação entre produtores e a ferrovia Oeste-Leste com destino ao Porto de Ilhéus, além de fortalecer o turismo no sul da Bahia.