Estimativas da Defesa Civil mostram que mais de 77 mil famílias no Estado sofrem com as consequências das faltas de chuvas. A previsão é que os R$ 500 milhões sejam investidos, ao longo de cinco anos, em quatro obras de dragagem de manutenção nos rios Amazonas e Solimões.
Por Redação, com ABr – de Manaus
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, na tarde desta terça-feira, investimentos nas ordem de R$ 500 milhões em obras para combater os efeitos da seca no Estado do Amazonas. Mais de 60 cidades amazonenses tiveram situação de emergência decretada em razão da estiagem prolongada.
Estimativas da Defesa Civil mostram que mais de 77 mil famílias no Estado sofrem com as consequências das faltas de chuvas. A previsão é que os R$ 500 milhões sejam investidos, ao longo de cinco anos, em quatro obras de dragagem de manutenção nos rios Amazonas e Solimões. O objetivo é reduzir os efeitos da estiagem na região.
Os trechos incluem: Manaus/Itacoatiara e Coari/Codajás, além de trechos em Benjamin Constant/Tabatinga e Benjamin Constant/São Paulo de Olivença.
Bioma
Na ocasião dos anúncios, o presidente reuniu-se com prefeitos de municípios afetados pela estiagem. A forte seca na região contribui para a intensificação das queimadas. De acordo com o último boletim do Ministério do Meio Ambiente, entre janeiro e setembro deste ano foram queimados 6 milhões de hectares na Amazônia — equivalente a 1,6% do bioma.
Ainda durante a visita ao Estado, Lula propôs uma pactuação para que seja concluída a BR-319, estrada que liga a capital amazonense Manaus a Porto Velho, capital de Rondônia. O presidente afirmou que é necessário assegurar que a conclusão da rodovia não trará desmatamento da Floresta Amazônica na região.
Em visita a Manaquiri, no interior do Amazonas, para vistoriar os estragos causados pela seca e pelas queimadas na região, Lula prometeu ainda ajuda do governo federal às comunidades locais por meio, por exemplo, de envio de filtros de água e obras de dragagem de rios, cuja navegabilidade foi comprometida pela estiagem.
Grilagem
Quanto à estrada, o presidente alegou “razões fiscais” para vetar o projeto. Segundo ele, a proposta contraria o interesse público por aumentar as despesas orçamentárias sem indicar fonte de receita ou medidas compensatórias
— Nós vamos chamar vocês para a gente discutir essa BR-319. Nós queremos pactuar, governador, o estado e a Federação. Nós vamos ter que garantir que nós não vamos permitir o desmatamento e a grilagem de terra próximo à rodovia — disse Lula, dirigindo-se ao governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil) e a senadores presentes à solenidade.
O presidente acrescentou que é preciso acabar “com essa história” de que a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), é responsável por impedir a construção da rodovia.
Ambientalistas
A controvérsia envolve o chamado “trecho do meio” da BR-319, que não está pavimentado e passa pela Floresta Amazônica, o que gera preocupações entre ambientalistas de que a chegada do asfalto poderá ser um vetor de desmatamento da floresta na região, como já ocorreu com outras estradas construídas na Amazônia.
O asfaltamento do trecho, de cerca de 400km, está suspenso por decisão judicial, que aponta falta de garantias ambientais para o projeto. No fim de agosto, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) rejeitou pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) para derrubar a decisão e liberar a pavimentação da rodovia.
Em seu discurso, Lula lembrou que a rodovia ganhou ainda mais importância dada a queda da navegabilidade do Rio Madeira, em consequência da seca.
— Nós vamos fazer com a maior responsabilidade e queremos construir uma parceria de verdade — concluiu o presidente.