Em carta, Lula lamenta também a morte do líder ambientalista Chico Mendes, assassinado por sua militância política.
Por Redação - de São Paulo
Ex-presidente da República, preso político há mais de 350 dias, em Curitiba, alvo de uma condenação sem provas, o líder petista Luiz Inácio Lula da Silva prestou homenagens à vereadora Marielle Franco (PSOL), nesta quinta-feira, data em que completa um ano de seu assassinato, ao lado do motorista Anderson Gomes.
Em carta, Lula lamenta também a morte do líder ambientalista Chico Mendes. "Que todos os culpados, inclusive os mandantes, sejam punidos", afirmou o ex-presidente.
“Lamento ter chorado a morte de Chico Mendes e de Marielle Franco. Mas tenho certeza que assim como a luta de Chico não morreu com ele, ficou maior, também tem sido assim com a Marielle. Que todos os culpados, inclusive mandantes, sejam punidos. O Brasil precisa de Marielles, de paz, de democracia e solidariedade. Marielle vive. As lutas não são em vão.”
Ao longo do dia, diversos movimentos sociais realizaram atos, vigílias e debates pelo país para homenagear a líder comunitária e exigir justiça e respostas quanto aos mandantes do crime.
Movimentos sociais
Sob a pergunta que ainda não foi respondida, "quem mandou matar Marielle?" e com o mote "Marielle Vive", as manifestações ocorreram em ao menos 25 cidades brasileiras, para reafirmar as bandeiras da vereadora que representava a luta de negros, mulheres, populações periféricas e LGBTs. Desde o dia 8, quando a resistência e a luta pelas causas das mulheres foram celebradas no Dia Internacional da Mulher, marcado por repúdio aos retrocessos sociais representados pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), movimentos por várias partes do mundo vêm prestando homenagem ao legado de Marielle.
O Psol organiza ainda para o dia 18 uma sessão solene no plenário da Câmara dos Deputados em homenagem a Marielle e Anderson. Em suas redes sociais, a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) justificou a importância das manifestações diante da falta de respostas após um ano do crime.
— A importante descoberta dos que apertaram o gatilho nesse crime político não vai nos tirar das ruas no dia 14. O Estado – com sangue nas mãos – tem que responder que grupos estão por trás dessa execução — afirmou a parlamentar.
Grupos criminosos
Para o sociólogo José Cláudio Souza Alves, estudioso dos processos que formaram as milícias do Rio de Janeiro, há 26 anos, autor do livro Dos Barões ao extermínio: a história da violência na Baixada Fluminense, os assassinatos de Marielle e Anderson sempre estiveram vinculados com a atuação desses grupos criminosos.
Em entrevista ao diário conservador espanhol El País, Alves afirma que a prisão dos dois suspeitos é apenas um 'cala a boca' para a sociedade, já que a investigação ainda não respondeu à principal pergunta que ecoa há um ano em protestos nas ruas, em redes sociais e até no carnaval: Quem mandou matar Marielle?
— Para mim, o assassinato de Marielle sempre teve vínculo com a milícia, principalmente pela forma como ocorreu. Além do fato de ela trabalhar denunciando abusos cometidos pelos batalhões e policiais milicianos, o modus operandi da execução, usado pelas milícias, estava claro ali. A questão não é saber apenas quem cometeu o crime, o importante agora é chegar nos mandantes, naqueles que estão por trás. Com certeza, tem grana e gente de poder envolvida no caso — concluiu Souza Alves.