A visita da comitiva formada pelo presidente, ministros, parlamentares, empresários e sindicalistas, iniciada na segunda-feira, abriu portas nas relações entre os dois países em áreas como transição energética, agricultura e pecuária, educação, saúde comunicações, ciência e tecnologia e aviação.
Por Redação, com ABr – de Tóquio
Quatro dias de intensos compromissos, na visita da comitiva brasileira liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), resultaram na assinatura de dez acordos e quase 80 instrumentos de cooperação entre Brasil e Japão. Lula deixa a capital japonesa nesta quinta-feira com uma percepção que aponta para o sucesso da visita de Estado.

— Saio do Japão muito satisfeito. Essa foi a visita mais importante que fiz ao Japão, das cinco que já fiz — afirmou o presidente, durante coletiva de imprensa antes de embarcar para o Vietnã, segundo destino da viagem à Ásia.
A visita da comitiva formada pelo presidente, ministros, parlamentares, empresários e sindicalistas, iniciada na segunda-feira, abriu portas nas relações entre os dois países em áreas como transição energética, agricultura e pecuária, educação, saúde comunicações, ciência e tecnologia e aviação. Um exemplo é o anúncio da compra de 15 jatos da Embraer pela All Nippon Airways (ANA), maior companhia aérea japonesa, num negócio estimado em R$ 10 bilhões.
Matriz limpa
Lula sublinhou também ser necessário “retomar uma relação comercial muito forte com o Japão”.
— Queremos vender e comprar. Queremos que as indústrias brasileiras estejam no Brasil produzindo etanol, biodiesel, hidrogênio verde, carro híbrido com tecnologia avançada para que a gente possa contribuir com a descarbonização do planeta Terra — acrescentou.
As conversas apontam ainda para a possibilidade de um acordo comercial entre Japão e Mercosul e o potencial de abrir o mercado japonês para a carne produzida no Brasil. Há diálogos em busca de parcerias para a recuperação de terras degradadas no Brasil para o cultivo de alimentos e de combustíveis limpos. No plano quantitativo, a intenção é resgatar o melhor momento do fluxo comercial entre os países, que chegou a 17 bilhões de dólares anuais em 2011, mas caiu nos últimos anos para 11 bilhões.
— É preciso retomar uma relação comercial muito forte com o Japão, porque nós não queremos vender apenas carne. Queremos vender e comprar. Nós queremos que as indústrias brasileiras estejam no Brasil produzindo etanol, produzindo biodiesel, produzindo hidrogênio verde, produzindo carro híbrido com tecnologia avançada para que a gente possa contribuir com a descarbonização do planeta Terra — pontuou Lula.
Protecionismo
No ano em que as duas nações celebram 130 anos de relações diplomáticas, houve uma decisão de que os chefes de Estado se encontrarão a cada dois anos para que os laços comerciais se intensifiquem. Somam-se a isso discussões em torno do trabalho conjunto no combate à mudança do clima, tendo a COP30, em Belém, como catalizador, e, no campo da geopolítica, a concordância de que é preciso atuar no fortalecimento da democracia, do multilateralismo e em busca de reformas no Conselho de Segurança da ONU.
— Essa visita tem como objetivo estreitar a relação com o Japão no momento em que a democracia corre risco no mundo, em que setores de extrema-direita, negacionistas, têm ganhado corpo em várias partes. Ela foi importante porque temos que vencer o protecionismo e fazer com que o livre-comércio possa crescer. Foi muito importante porque queremos discutir mudanças na governança mundial, sobretudo no Conselho de Segurança da ONU, para que a gente tenha no século XXI uma representação mais forte da geopolítica mundial — resumiu o presidente.