Para o líder petista, o governo deveria ter criado um comitê de crise e ouvido os cientistas na questão da pandemia. O ex-presidente Lula reputou ainda ao mandatário neofascista a responsabilidade por ao menos metade das mortes em consequência da covid-19.
Por Redação - de São Paulo
Durante o congresso da Força Sindical, nesta quarta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou para o risco de novo retrocesso trabalhista, planejado pelo atual governo, a partir de estudos de um grupo de trabalho.
— Tudo o que o trabalhador ganha é custo Brasil. Custo brasil é a falta de vergonha dessa gente. Se a gente não levantar a cabeça, aquele Congresso vai aprovar isso — afirmou, ao receber o apoio de dirigentes de cinco centrais para as eleições de 2022.
E admitiu sua possível candidatura.
— Estou me dispondo, depois de longas conversas com vocês, a voltar a ser candidato — disse, quase no final de seu discurso.
Perversidade
Lula explica, ainda, porque quer voltar ao Palácio do Planalto.
— Eu não posso voltar e fazer menos do que eu fiz. Eu tenho que voltar pra fazer mais. Significa que nós vamos ter que trabalhar muito mais. A gente já demonstrou que é possível governar de forma diferente — acrescentou.
Segundo o ex-presidente não se cuida do pobre “como se fosse um número estatístico”.
— O que está acontecendo (agora) é uma demonstração da perversidade da elite política e da elite econômica deste país. Este país pode ser consertado — afirmou.
Genocida
Lula referiu-se ao atual presidente como genocida e criticou a decisão de não exigir passaporte de vacinação para quem chega ao país.
— Nós temos um presidente que faz festa de motocicleta todo santo dia e não teve a coragem de visitar um hospital, uma família que perdeu um parente, um funcionário do SUS. Ele preferiu colocar um general mentiroso no Ministério da Saúde — criticou.
Para o líder petista, o governo deveria ter criado um comitê de crise e ouvido os cientistas. Ele reputou ao presidente responsabilidade por pelo menos metade das mortes em consequência da covid-19.
Semi-escravidão
De acordo com o candidato, o país está em uma “encalacrada” e vai precisar de esforço conjunto para uma reconstrução.
— Nós estamos entrando em uma luta que será decisiva para o futuro do nosso país — acrescentou.
Como sindicalista, Lula já criticou o governo Getúlio Vargas, mas diz agora que foi o ex-presidente aquele que garantiu conquistas como o salário e a CLT, “que naquele momento tirava os trabalhadores de um estágio de semi-escravidão”.
O ex-presidente também defendeu a presença do Estado como indutor da economia.
— Aqui no Brasil se criou a ideia de que o Estado tem que ser fraco. Não queremos o Estado empresarial, mas que dê a capacidade de cuidar do seu povo, que seja soberano, que seja capaz de cuidar dos recursos naturais, da educação — concluiu.