Em recente entrevista, o pré-candidato petista à sucessão paulistana, ex-deputado Jilmar Tatto, afirmou que foi o ex-presidente Lula, líder máximo de seu partido, quem incentivou a candidatura própria à prefeitura de São Paulo.
Por Redação - de São Paulo
Embora a mídia conservadora paulistana considere que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encontre-se “frente a um dilema”, segundo texto impresso na edição desta segunda-feira do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP), entre apoiar, ou não, o pré-candidato da sua legenda à prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto, a matéria soa inverídica, posto que a escolha do representante petista teria partido do próprio Lula.
Em recente entrevista ao site da revista de centro-esquerda Carta Capital, o candidato petista à sucessão paulistana afirmou que foi o ex-presidente Lula, maior liderança de seu partido, quem incentivou a candidatura própria à prefeitura de São Paulo.
— Foi o Lula que incentivou o PT a lançar candidatos em todas as capitais. Ele sempre diz para a gente que, se nós não defendermos o partido, quem vai defender? Lula é uma liderança mundial e, no momento certo, estará com a gente na disputa aqui na cidade de SP — disse Tatto, ex-secretário de Transportes tanto na prefeitura de Marta Suplicy quanto na gestão de Fernando Haddad.
Líder sem-teto
A declaração de Tatto, que venceu as prévias no PT após disputa apertada com Alexandre Padilha, que hoje é seu apoiador, vem em meio a uma onda de apoios de petistas e nomes da classe artística historicamente ligados ao partido à candidatura de Guilherme Boulos, que forma chapa com Luiza Erundina pelo PSOL.
Segundo a FSP, “a eleição municipal em São Paulo colocou o ex-presidente Lula frente a um dilema. Aliados o descrevem como constrangido e, segundo alguns relatos, irritado com o cenário colocado para o PT e outras candidaturas de esquerda na maior cidade do país”.
Convenção
“De um lado, há a preocupação do maior líder do partido com a baixa viabilidade eleitoral do pré-candidato petista (…). De outro, um sentimento de lealdade pessoal com uma sombra ao PT que cresce no campo da esquerda, a do líder sem-teto Guilherme Boulos (PSOL). Segundo relatos de pessoas próximas do ex-presidente, ele enxerga três cenários para a eleição: um aceitável (mas improvável), outro negativo e um terceiro catastrófico”, diz o texto
Ainda segundo a FSP, Lula estaria “desanimado com o cenário em São Paulo”, mas ainda assim “entrará na campanha de Tatto”. Participará da convenção do partido na cidade, que ocorrerá também em ambiente virtual, em 12 de setembro. Também gravará vídeos para os programas de TV, rádio e internet.
— Lula vai participar muito da campanha, seja nas ruas ou pela internet. A agenda dele ainda está sendo montada, porque são muitas cidades importantes que querem a presença dele — disse ao jornal o presidente do PT paulistano, Laércio Ribeiro, que também coordena a campanha de Tatto.
Lula morno
Diz ele, segundo a FSP, que o foco do partido não está nos apoios recebidos pelo rival do PSOL.
— O Boulos tem uma relação muito boa com o PT, mas nosso inimigo são os candidatos do eixo Bolsodoria — afirmou.
Para injetar ânimo na campanha, os petistas planejam aumentar a presença de Haddad na campanha, divulgar manifestos setoriais e anunciar em breve a candidata a vice, que será uma mulher, provavelmente negra. Nesta segunda-feira, o partido lançai uma carta compromisso com a cultura, além de apoio de cerca de 300 artistas, muitos deles da periferia.
Para o coordenador de comunicação da pré-campanha, José Américo Dias, quem acha que Lula terá comportamento morno não conhece sua personalidade.
— O Lula é muito partidário. A relação pessoal dele com o Boulos não é um impeditivo de sua atuação na campanha — conclui José Américo.