Lula afirma que tirou a Alca da pauta de negociações

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que retirou da pauta de negociações a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) em benefício do fortalecimento das relações do Mercosul.

- Faz dois anos que não se discute mais a Alca no Brasil porque nós tiramos a Alca da pauta. E tiramos de qual jeito? Fortalecendo o Mercosul, criando a Comunidade Sul-Americana de Nações, criando um novo padrão de relacionamento entre os países da América do Sul - disse Lula durante Congresso da Organização Regional Interamericana de Trabalhadores.

As negociações para criar uma área de livre comércio entre os 34 países das Américas, menos Cuba, deveriam ter sido concluídas até 1o de janeiro deste ano, mas impasses em questões agrícolas, acesso a mercado e outras discordâncias entre os Estados Unidos e o Brasil tornaram impossível o cumprimento da data.

- Nós tentamos criar uma consciência que era possível um outro mecanismo de relação entre os países sul-americanos para que nossas economias não ficassem dependentes das duas maiores economias do mundo, os EUA e a União Européia - afirmou Lula para uma platéia composta de sindicalistas.

De maneira geral, as negociações da Alca estão bastante incipientes. Em fevereiro deste ano, os dois co-presidentes da Alca, Brasil e EUA, reuniram-se em Washington para discutir as diretrizes que seriam apresentadas aos negociadores. A sequência do encontro deveria ocorrer nos dias 29 e 30 de março, mas foi cancelada.

Os negociadores dos dois países tentarão marcar uma nova reunião em junho, que ocorreria na capital paraguaia, Assunção, segundo informações da Coordenação Geral das Negociações da Alca, órgão do Itamaraty.

O presidente ponderou, no entanto, que as relações com Washington não ficaram prejudicadas e lembrou que os EUA e a UE são os dois principais parceiros comerciais do Brasil e dos demais países sul-americanos.

Lula afirmou que o Brasil não quer ter uma posição imperialista dentro da América do Sul, mas busca solidificar as relações com os outros parceiros comerciais, Argentina, Uruguai e Paraguai, para avançar no processo de fortalecimento do bloco.

- No caso do Mercosul, a Argentina e o Brasil tem que ajudar o Uruguai e o Paraguai a se desenvolverem. Não podemos deixar nosso papel de lado - afirmou o presidente antes de ser bastante aplaudido por delegados de 27 centrais sindicais latino-americanas e dos EUA e Canadá.