Uma anunciada reorganização internacional da marca, a falta de competitividade da planta da Karmann-ghia alugada no Brasil e o baixo volume de produção e vendas, determinaram o fim da linha de montagem da Land Rover no Brasil. A marca, atualmente controlada pela Ford Motor Company, irá desacelerar o processo de fabricação até dezembro desse ano do Defender 110, único modelo que mantinha em linha. A solução para atender o mercado local será a importação do modelo da fábrica inglesa, que acaba de receber elevados investimentos e preciso ampliar o volume de produção. A medida atinge também a unidade africana, que também deixa de operar.
A primeira informação sobre a reorganização do processo industrial da marca surgiu em Silverston, África do Sul, quando Bem Pilley, porta voz da Ford Sul Africana, responsável pela filial da Land Rover fora da Inglaterra, anunciou a decisão do grupo em centralizar, a partir de Novembro, toda a produção de seus veículos na planta de Solihull, matriz da marca na Inglaterra. Os motivos alegados por Pilley prendem-se principalmente aos grandes investimentos feitos na fábrica inglesa que exigem uma produção maior que a atual.
Mas os motivos vão além disso e tem mais justificativa em um corte de custos para melhorar a economia de escala do fabricante, fundamentada pelo mau custo/benefício da operação de fabricação e montagem do Defender fora da Europa. Outras metas não atingidas de vendas e exportações das duas filiais também podem ter tido peso na decisão final. No Brasil, a produção em CKD do modelo Defender começou em 1998 e era terceirizada para a Karmann-ghia, o que incluí todo o processo de manufatura, ou seja, máquinas e mão-de-obra. Nesse período, a marca acumulou próximo de 6.000 unidades montadas no Brasil.
A partir dessa decisão, quem quiser comprar um Defender novo em um futuro bem próximo deverá ter disponível apenas o modelo original inglês, a exemplo do que já acontece com os demais membros da família, Freelander, Discovery e Range Rover. Externamente o modelo fabricado no Reino Unido é muito similar ao que é feito no Brasil.
A grande diferença está no conjunto mecânico. O modelo a ser importado a partir de janeiro tem motor TD5 usado no Defender II, que já possui sistema eletrônico de injeção. É possível que a versão 2006 do Defender 110 oferecido no mercado brasileiro já tenha como equipamento original controle automático de tração, airbag e ABS. Obviamente o preço também será mais elevado. A versão nacional tem atualmente preço entre R$ 98 e 115 mil. No Reino Unido, o modelo Defender mais barato é oferecido por 17.999 Euros, o que daria em torno de R$ 50 mil.
Caso isso aconteça, os futuros proprietários de Land Rover se manterão em um patamar ainda mais exclusivo. Para o futuro, sabe-se que a Land Rover prepara ainda alterações para a linha dos tradicionais jipões, que deverão principalmente atender às normas européias e americanas de segurança, emissão de gases e testes de impacto para manterem-se viáveis comercialmente no mercado norte-americano mesmo sendo produzidos na Inglaterra. Essas normas deverão entrar em vigor definitivamente a partir de 2008.