O primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, afirmou nesta segunda-feira que vai renunciar caso seu Partido Liberal Democrático (PLD) e o parceiro de coalizão, o Novo Komeito, não conquistem uma maioria nas eleições marcadas para 11 de setembro.
Fazendo a maior aposta de sua carreira, Koizumi convocou uma eleição antecipada para a Câmara Baixa do Parlamento, na esperança de obter um novo mandato para realizar reformas.
A decisão foi tomada depois que a Câmara Alta rejeitou a privatização do enorme sistema postal japonês, que estava no centro da agenda de Koizumi. Seu partido é conhecido por seu apego aos gastos públicos, o que gera votos, mas também escândalos e dívida pública.
- Quero perguntar à população se ela prefere o partido reformista PLD ou a oposição...É por isso que dissolvi o Parlamento - disse Koizumi a legisladores do partido.
Mas, dividido, o PLD pode ser derrotado pelo Partido Democrático, de centro, que tem muitas idéias iguais às de Koizumi e se considera mais preparado para implementá-las, segundo políticos e analistas.
O ministro da Economia, Heizo Takenaka, encarregado da reforma postal, lamentou a derrota na privatização do Correio, que tem patrimônio de três trilhões de dólares.
- A privatização do sistema postal representou uma importante encruzilhada em termos de se o Japão opta por um governo menor ou um governo grande. Nesse sentido, acho que a rejeição foi uma grande perda para o futuro e a economia do Japão -diss ele.
Alguns analistas financeiros acham que, com a derrota parlamentar, as reformas prometidas por Koizumi ao chegar ao governo, em 2001, vão parar. Outros são menos pessimistas.
-Koizumi tentou obter a reforma dentro do marco do PLD. Ele disse que isso seria possível. Mas não conseguiu, o que significa que a reforma só é possível se houver uma mudança de governo disse Yasunori Sone, professor de Ciência Política na Universidade Keio.
O iene e os títulos japoneses caíram por causa do resultado da votação. Mas a moeda rapidamente se recuperou, e o índice Nikkei da Bolsa de Valores fechou em alta.
O projeto foi rejeitado por 125 a 108 votos. A imprensa disse que mais de 20 senadores do PLD votaram contra.
O governo quer dividir o Correio japonês em quatro unidades, sob uma "holding" estatal, em 2007. As atividades de seguros e poupança seriam vendidas até 2017.
Agora, a privatização depende do resultado da eleição. Koizumi, o primeiro-ministro mais duradouro no cargo em duas décadas, considera a privatização essencial para garantir um fluxo eficiente de investimentos e corrigir distorções no sistema financeiro.
Mas muitos no PLD temiam que a privatização enfraquecesse suas máquinas políticas, que tradicionalmente usam os influentes gerentes dos correios em localidades rurais para angariar votos e o patrimônio da empresa para financiar obras públicas populares, mas dispendiosas.