Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Justiça volta atrás e libera suspeitos de fraude na Americanas

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Sábado, 29 de Junho de 2024 às 18:59, por: CdB

As informações são citadas pelo juiz Márcio Carvalho, responsável por autorizar a prisão de Gutierrez e da ex-diretora Anna Saicali na operação Disclosure, em que a PF investiga as fraudes contábeis que deram origem ao rombo bilionário na empresa.

Por Redação, com agências internacionais – de Madrid e Lisboa

O ex-CEO das Lojas Americanas Miguel Gutierrez, de 63 anos, foi liberado pelas autoridades espanholas neste sábado, após ter sido detido pela Interpol em Madri no dia anterior. Em nota, a defesa do executivo disse que ele está na capital espanhola, em sua casa, “no mesmo endereço comunicado desde 2023 às autoridades espanholas e brasileiras”. Ao pedir a prisão preventiva do ex-CEO, a Polícia Federal afirmou que o executivo se desfez de bens, entre eles imóveis e veículos, e enviou valores a offshores sediadas em paraísos fiscais.

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A executiva Anna Saicali fechou acordo e vai entregar o passaporte, assim que chegar ao Brasil

As informações são citadas pelo juiz Márcio Carvalho, responsável por autorizar a prisão de Gutierrez e da ex-diretora Anna Saicali na operação Disclosure, em que a PF investiga as fraudes contábeis que deram origem ao rombo bilionário na empresa. O ex-CEO, que tem também cidadania espanhola, e a ex-diretora saíram do Brasil e foram incluídos na difusão vermelha da Interpol. Saicali deixou o país no dia 15 e está em Portugal. Segundo o comunicado da defesa do executivo, Gutierrez “sempre esteve à disposição dos diversos órgãos interessados nas investigações em curso”.

“Na data de ontem (28), ele compareceu espontaneamente ante as autoridades policiais e jurisdicionais com o fim de prestar os esclarecimentos solicitados”, segue o comunicado. Ainda segundo seus advogados agora, diante do acesso aos autos, Gutierrez “poderá exercer sua defesa frente às alegações originadas por delações mentirosas em relação a ele”. A defesa diz ainda que o executivo “jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades”. De acordo com a defesa, ele tem prestado os esclarecimentos devidos nos foros próprios e reafirma sua “absoluta confiança nas autoridades brasileiras e internacionais”.

 

Balanço

O rombo nas contas da Americanas foi revelado no início de 2023, quando a empresa informou ao mercado inconsistências contábeis da ordem de mais de R$ 25 bilhões, levando a varejista a entrar em um processo de recuperação judicial. Estudos produzidos pela própria companhia apontaram que as inconsistências eram, na verdade, fraudes contábeis cometidas por ex-funcionários da rede varejista.

Ao informar à CVM, em novembro de 2023, o quarto adiamento da divulgação das demonstrações financeiras de 2022 e da revisão do balanço de 2021, a empresa afirmou que foi “vítima de uma fraude sofisticada e muito bem arquitetada, o que tornou a compilação e análise de suas demonstrações financeiras históricas uma tarefa extremamente desafiadora e complexa”. Gutierrez liderou a empresa por mais de duas décadas, até dezembro de 2022.

A informação sobre o período das irregularidades foi fornecida pela delação premiada da ex-responsável pela Controladoria da empresa, Flávia Carneiro, que fechou acordo com o MPF (Ministério Público Federal). Além de Flávia, o ex-executivo Marcelo Nunes também assinou uma colaboração. Com base nas delações e outras informações, a PF deflagrou, na quinta-feira, a ‘Operação Disclosure’.

 

Saicali

O juiz Marcio Muniz da Silva Carvalho, da 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, por sua vez, determinou a Anna Saicali, 47, ex-diretora das Lojas Americanas e alvo da operação policial, que se apresente às autoridades portuguesas no aeroporto de Lisboa neste domingo e entregue o passaporte à Polícia Federal assim que voltar ao Brasil. As informações constam de despacho que substituiu a ordem de prisão preventiva de Saicali por uma medida cautelar após a defesa da ex-diretora dizer que ela se comprometia a retornar ao Brasil. 

Para substituir a prisão preventiva pela ordem de proibição de deixar o Brasil, o magistrado estabeleceu duas condições: a entrega de Saicali às autoridades portuguesas; e a entrega do passaporte assim que desembarcar no país. O despacho foi assinado na noite passada.

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