O caso ocorreu no Colégio Irineu Marinho, em Marechal Hermes, Zona Norte da cidade. Após ser ouvido, a Justiça determinou sua internação em um hospital psiquiátrico.
Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro
Um adolescente foi apreendido, após tentar esfaquear alunos de uma escola na Zona Norte do Rio de Janeiro. Segundo a juíza Vanessa Cavalieri, da Vara da Infância e da Juventude do Rio, durante audiência na quarta-feira, o jovem demonstrou estar em aparente surto psicótico, relatou ouvir vozes e confirmou que tinha a intenção de matar seus colegas.
O caso ocorreu na terça-feira, no Colégio Irineu Marinho, em Marechal Hermes, Zona Norte da cidade. Após ser ouvido, a Justiça determinou sua internação em um hospital psiquiátrico.
A juíza Vanessa Cavalieri afirmou que a internação psiquiátrica compulsória tem o objetivo de fazer uma avaliação e buscar tratamento para o menor.
As informações foram divulgadas pela assessoria do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio de Janeiro.
Menina baleada
A organização não governamental (ONG) Rio de Paz e parentes da estudante Maria Eduarda Alves Ferreira fizeram na quarta-feira protesto para lembrar dois anos da morte da adolescente e cobrar indenização do estado do Rio de Janeiro. Aos 13 anos, a estudante foi alvejada quando dois policiais militares trocavam tiros com criminosos perto da Escola Municipal Jornalista e Escritor Manuel Piza, em Acari, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Ela fazia aula de educação física na quadra do colégio quando foi atingida. Um cabo e um sargento da PM foram indiciados por homicídio doloso e estão presos.
Famílias da menina e de outros jovens vítimas de violência abriram em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual, uma bandeira do Brasil com o rosto de Maria Eduarda. O tecido tinha 54 furos. Cada um deles representando uma criança ou adolescente atingido por bala perdida entre 2017 e 2019, no estado. O grupo quer ainda a revisão do protocolo de ações policiais em comunidades.
De acordo com o presidente da Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, as mortes de jovens em meio a ações policiais, como é o caso de Maria Eduarda, não são casos isolados. Em junho de 2018, também na Zona Norte, o jovem Marcus Vinícius da Silva, de 14 anos, morreu baleado a caminho da escola, na Maré, durante operação da Polícia Civil. O trajeto era de menos de 20 minutos.
– Maria Eduarda morreu dentro de uma escola pública. Ela sonhava em ascender através do estudo e da prática do esporte, do basquete, e representa, com sua morte, as outras 53 crianças que tiveram o mesmo destino – critica Antônio Carlos.
A morte de Maria Eduarda completa dois anos no próximo dia 30 e o advogado da família, João Tancredo, cobra responsabilidade do Estado pela operação que colocou dezenas de estudantes em risco e culminou com a morte da menina. “A ação (de indenização) foi ajuizada há dois anos e o Estado vem contestando ( na Justiça).
O Estado cria todo tipo de embaraço, é uma grande maldade com a família, prolonga o processo para eternidade”, afirmou. O advogado também atuou no caso do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, sequestrado, torturado e morto por policiais militares, na Rocinha, em 2013. No caso do ajudante, o estado do Rio chegou a se comprometer a não estender os recursos judiciais, o que não ocorreu.
Durante o protesto, a família de Duda, como a menina de Acari era conhecida, esperava ser recebida pelo governador, Wilson Witzel. A mãe dela, Rosilene Ferreira, afirmou que, mesmo após a repercussão da morte da filha, ações policiais em horário escolar continuam colocando vidas de estudantes em risco, em Acari.
– Estamos aqui não só pela Maria (Eduarda), mas pelas outras crianças. Está a mesma coisa, o caveirão (carro blindado da polícia militar) está entrando na comunidade, está tudo igual – disse.
A família não foi recebida. A assessoria do governo estadual informou que Witzel estava fora.