O juiz federal João Carlos da Rocha Matos passou a sua primeira noite na cadeia, em São Paulo, depois de sua prisão que foi decretada nesta sexta-feira.
De acordo com a polícia, Matos passou a noite com tranqüilidade, mas sem qualquer priviégio. Ele divide a cela com outro preso e é vizinho de mais oito.
O juiz solicitou uma audiência com a desembargadora que solicitou a sua prisão, pois alega que as provas apresentadas contra ele foram "plantadas", sem entrar em detalhes em quem teria o interesse na sua prisão.
Curiosamente, no batalhão da PM onde está preso, estão detidas algumas pessoas que tiveram a prisão decretada justamente por ele.
Prisão
Matos foi preso no início da noite de sexta-feira pela Polícia Federal. O juiz é suspeito de envolvimento no esquema na venda de sentenças e proteção a contrabandistas investigado pela Operação Anaconda.
Ele foi denunciado na semana passada pelo Ministério Público pelos crimes de corrupção, falsidade ideológica, prevaricação e peculato, foi preso na casa de sua ex-mulher, Norma Regina Emilio Cunha, também suspeita de envolvimento no caso. Ela é uma das oito pessoas presas na semana passada pela Operação Anaconda.
João Carlos da Rocha Matos foi transferido para a carceragem da Polícia Federal na capital paulista, na Lapa. Depois será decidido se ele ficará na PF ou se ficará detido num batalhão especial da PM, pois juiz tem prerrogativas e tratamento especial.
Rocha Mattos contestou sua detenção. Ele passou um bilhete para os jornalistas que estavam de plantão na carceragem da PF dizendo que os documentos encontrados em sua casa durante a Operação Anaconda foram "plantados de maneira criminosa e falsa". Rocha Mattos reparte a cela com outro acusado preso na operação da PF. O juiz não quis comer o jantar oferecido pelos policiais.
A prisão preventiva do juiz foi determinada hoje na reunião dos 18 desembargadores do Tribunal Regional Federal, da 3ª Região. Ele analisaram os pedidos do Ministério Público Federal sobre os três juizes federais acusados de participar do esquema. Além de Rocha Matos, foram denunciados pelo MP outros dois juízes, os irmãos Casem Mazloum e Ali Mazloum, ambos das varas federais na capital paulista.
Os desembargadores estiveram reunidos, mas o teor de todas as decisões não são conhecidas pois os magistrados alegam segredo de justiça no processo.
PF afasta dois delegados O superintendente da Polícia Federal de São Paulo, Francisco Baltazar da Silva, determinou o afastamento do corregedor da instituição no Estado, delegado Dirceu Bertin, e do chefe do setor de Passaportes, delegado José Augusto Belini.
Belini é um dos oito acusados de pertencer ao grupo que vendia sentenças judiciais que foram presos na semana passada na Operação Anaconda. Bertin também é suspeito de envolvimento com o caso.
Na quinta-feira da semana passada, oito pessoas foram presas na Operação Anaconda, realizada pela Polícia Federal com o apoio do Ministério Público Federal. Ente os detidos, estão membros da própria PF.