O ex-chanceler Celso Amorim lembrou que outros líderes já foram alvo de constrangimentos em reuniões com Trump, como o ucraniano Volodymyr Zelensky, o sul-africano Cyril Ramaphosa e o canadense Mark Carney.
Por Redação – de Brasília
Assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, o experiente diplomata Celso Amorim afirmou, nesta terça-feira, que o líder brasileiro não aceitará qualquer tipo de constrangimento em uma eventual reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A diplomacia dos dois países já iniciou conversas para viabilizar um encontro talvez durante a cúpula da Asean, na Malásia, em outubro.

— Lula jamais se deixará humilhar por Trump. Essa possibilidade não existe, pode tirar da cabeça — garantiu Amorim, em entrevista à mídia conservadora.
O ex-chanceler lembrou que outros líderes já foram alvo de constrangimentos em reuniões com Trump, como o ucraniano Volodymyr Zelensky, o sul-africano Cyril Ramaphosa e o canadense Mark Carney.
Imprevistos
Para evitar imprevistos, o Itamaraty estuda a realização de uma ligação prévia entre os dois presidentes antes da reunião presencial.
— Pode ser que a Malásia seja a melhor opção, mas o mais importante é que a reunião seja produtiva, como querem os dois países — acrescentou.
Em fevereiro, Trump discutiu publicamente com Zelensky; em maio, mostrou vídeos distorcidos a Ramaphosa; e, em outro momento, ironizou o Canadá diante de Carney. Tais episódios deixaram em alerta o governo brasileiro.
Apesar de ataques ao Brasil em discurso preparado na ONU, Trump elogiou Lula em improviso e disse ter sentido “excelente química” com o líder brasileiro.
— O contato pessoal sempre é muito importante, ele pode mudar tudo. O mundo é imprevisível, aprendi isso nos meus 83 anos — resume o ministro que chefiou o Itamaraty por mais de uma década.