Paralisação convocada por uma das maiores organizações sindicais do país afeta desde jardins de infância, bancos e escritórios do governo até o transporte público.
Por Redação, com DW – de Tel Aviv
Um dia após a recuperação dos corpos de seis reféns na Faixa de Gaza, uma greve geral liderada pela organização sindical Histadrut começou nesta segunda-feira em Israel. A manifestação pede que o governo do premiê Benjamin Netanyahu chegue a um acordo para a libertação dos reféns do grupo Hamas e afeta desde jardins de infância, bancos, universidades e escritórios do governo até o transporte público. O aeroporto Ben-Gurion chegou a ficar fechado para partidas por mais de duas horas, mas voltou a funcionar normalmente ao longo da manhã.
Na véspera, centenas de milhares de pessoas saíram às ruas em todo o país exigindo a negociação de um cessar-fogo e do retorno dos reféns que ainda estão sob o poder do grupo Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel e diversos outros países, incluindo a Alemanha e os Estados Unidos. Trata-se dos maiores protestos desde o início da guerra em Gaza, há quase 11 meses.
De acordo com o jornal israelense Haaretz, os protestos reuniram cerca de 300 mil pessoas só em Tel Aviv. Nos arredores da cidade, rodovias foram bloqueadas e barricadas foram erguidas com pneus em chamas. Também na cidade portuária de Haifa, no norte do país, milhares de pessoas bloquearam as entradas da cidade, agitando a bandeira nacional. Seis caixões foram colocados num palco para lembrar os reféns mortos.
Organização sindical promete paralisar o país
No domingo, o Histadrut convocou a greve geral de um dia para esta segunda-feira, com a promessa de paralisar o país. O objetivo é aumentar a pressão sobre Netanyahu para que concorde com um acordo para a libertação dos reféns restantes.
– Não podemos continuar parados assistindo a tudo isso – disse o líder do Histadrut, Arnon Ben-David, ao site Ynetnews no domingo. “O fato de judeus estarem sendo assassinados nos túneis de Gaza é inaceitável. Temos que fazer um acordo (com o Hamas), um acordo é mais importante do que qualquer outra coisa.”
No domingo, as Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram que seus soldados haviam recuperado os corpos de seis reféns de um túnel subterrâneo no sul de Gaza. De acordo com os militares, eles haviam sido mortos por militantes do Hamas pouco antes. Um porta-voz do Hamas afirmou que os reféns foram mortos por um bombardeio israelense.
Os quatro homens e as duas mulheres foram sequestrados durante o ataque terrorista liderado pelo Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, afirmaram as Forças Armadas.
Detenções e acusações de truculência policial
Ainda na noite de domingo, a polícia israelense deteve 29 pessoas durante a manifestação em Tel Aviv. “A polícia deteve 29 suspeitos por conduta desordeira, agressão a agentes e vandalismo brutal na autoestrada Ayalon e no local do protesto na passagem de Azrieli”, disseram as autoridades.
Segundo o Haaretz, 25 manifestantes que participaram nos protestos em Tel Aviv permanecem sob custódia policial, enquanto outros continuam sendo interrogados. O jornal citou ainda um grupo de manifestantes médicos que acusa as forças policiais de deixarem várias pessoas feridas, incluindo um manifestante que teria sido espancado por policiais no peito e na cabeça, um jovem atingido nas costas por uma granada de choque, um manifestante que caiu de uma altura e quebrou as duas pernas e uma mulher idosa que foi ferida no rosto.
As negociações indiretas sobre um acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo extremista palestino Hamas, intermediadas pelo Egito, pelos EUA e pelo Qatar, estão paralisadas há um mês.