O Ministério paquistanês dos Negócios Estrangeiros confirmou o ataque contra bases jihadistas, nesta quarta-feira, acusando o Irã de “violação da soberania do Paquistão”.
Por Redação, com RTP - de Teerã
O Irã atacou com mísseis e drones o território paquistanês, contra o que descreveu como "grupos terroristas anti-iranianos". O governo do Paquistão acusa o Irã de ter matado duas "crianças inocentes" no ataque aéreo perto da fronteira dos dois países, classificando-o como "totalmente inaceitável" e injustificado.
O Ministério paquistanês dos Negócios Estrangeiros confirmou o ataque contra bases jihadistas, nesta quarta-feira, acusando o Irã de “violação da soberania do Paquistão”.
“É completamente inaceitável e pode ter consequências graves”, diz nota do governo de Islamabad.
As autoridades paquistanesas acusam Teerã de ter matado duas crianças e ferido mais três no ataque aéreo “ilegal”, convocando o embaixador iraniano no Paquistão para justificar a “violação não provocada do seu espaço aéreo”.
“O que é ainda mais preocupante é que esse ato ilegal ocorreu apesar da existência de vários canais de comunicação entre o Paquistão e o Irã”, afirmou ainda a diplomacia paquistanesa.
“O Paquistão sempre defendeu que o terrorismo é uma ameaça comum a todos os países da região e requer ação coordenada”, acrescenta a declaração. “Esses atos unilaterais não estão em consonância com as boas relações de vizinhança e podem minar gravemente a confiança bilateral”.
Autoridades iranianas
As autoridades iranianas não reivindicaram imediatamente o ataque, mas de acordo com a agência estatal Nour News, a sede no Paquistão do grupo jihadista Jaish al-Adl (que significa Exército de Justiça, na tradução do árabe) foi destruída.
“Dois importantes quartéis-generais do grupo terrorista Jaish-al-Adl foram alvos de ataque no Paquistão”, diz a agência nas redes sociais. “As sedes foram destruídas por mísseis e drones”.
A organização, fundada em 2012, é considerada grupo terrorista por Teerã e atacou várias vezes o solo iraniano nos últimos anos, principalmente na região pobre do Sistão-Baluchistão.
A região paquistanesa junto da fronteira, onde vive a maioria da minoria étnica Baluchi que aderiu ao Islã sunita em vez do ramo xiita predominante no Irã, é palco de frequentes confrontos entre as forças de segurança e os rebeldes dessa minoria, de grupos radicais sunitas e traficantes de droga.
O ataque ocorre depois de, na noite de segunda-feira, o Irã ter disparado mísseis contra o Iraque e o Norte da Síria, visando o grupo Estado Islâmico. Entre os alvos, a Guarda Revolucionária iraniana reivindicou um ataque à suposta sede da Mossad, a agência de informações israelense, na região curda do Iraque.
Embora os ataques iranianos não aparentem estar relacionados diretamente com a guerra Israel-Palestina, eles acontecem no momento em que a instabilidade se espalha por toda a região do Oriente Médio.