Teerã diz que reduzirá progressivamente seu comprometimento com o tratado de 2015 até que os europeus defendam o país das sanções americanas. França condena medida e pede diálogo.
Por Redação, com DW - de Teerã
O Irã anunciou neste domingo que aumentará os níveis de enriquecimento de urânio além dos limites permitidos pelo acordo nuclear de 2015, na segunda violação ao tratado anunciada pelo país em menos de uma semana. A poucas horas do final de um prazo estabelecido pelo acordo, as autoridades do país confirmaram o enriquecimento além do limite de 3,67% de material físsil, o que pode eventualmente possibilitar que o país acumule urânio altamente enriquecido em quantidade suficiente para desenvolver uma ogiva nuclear. Neste domingo, as autoridades do país disseram que Teerã reduzirá seu nível de comprometimento com o acordo a cada 60 dias, a não ser que os países europeus signatários do pacto adotem medidas para proteger o Irã das sanções internacionais impostas pelos Estados Unidos. O acordo nuclear entre o Irã e seis potências mundiais, EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha, suspendeu a maioria das sanções internacionais contra a República Islâmica em troca de restrições a seu programa nuclear. No ano passado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou seu país do tratado e reimpôs pesadas sanções contra a economia iraniana. – Estamos totalmente preparados para enriquecer urânio em qualquer nível e em qualquer quantidade – ameaçou o porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã, Behrouz Kamalvandi. "Em poucas horas, o processo técnico se encerrará e o enriquecimento acima de 3,67% será iniciado." O ministro iraniano do Exterior, Mohammad Javad Zarif, disse que todas as medidas adotadas pelo país para reduzir seu comprometimento para com o acordo são "reversíveis", caso os europeus cumpram com suas obrigações. O presidente da França, Emmanuel Macron, condenou o anúncio iraniano e o considerou uma violação ao acordo de 2015. Entretanto, fontes do gabinete da presidência afirmam que o país ainda não deverá acionar o mecanismo de resolução de disputas sobre o acordo com o Irã e dará um prazo de uma semana para tentar trazer todas as partes de volta à mesa de negociações. No sábado, Macron disse ao presidente iraniano, Hassan Rohani, que tentará reunir os países que permaneceram no tratado para novos diálogos até o dia 15 de julho.