IR: dificuldades no Parlamento levam Guedes a procurar por alternativas
De acordo com integrantes da equipe econômica, ouvidos por jornalistas da mídia conservadora, a avaliação é a de que a reforma do IR “não se paga” e que as disputas em torno do projeto são até positivas por adiar ainda mais a votação, deixando tudo como está.
De acordo com integrantes da equipe econômica, ouvidos por jornalistas da mídia conservadora, a avaliação é a de que a reforma do IR “não se paga” e que as disputas em torno do projeto são até positivas por adiar ainda mais a votação, deixando tudo como está.
Por Redação - de Brasília
Com o esgotamento das opções à proposta de reforma no Imposto de Renda, o ministro da Economia, Paulo Guedes, parte para uma última ofensiva, na semana que vem, junto aos deputados da oposição, na Câmara, na tentativa de encontrar um ponto de apoio à medida. As chances de progredir, no entanto, segundo alertam integrantes da equipe econômica, são mínimas, o que pode levar o ministro a abandonar as propostas, de uma vez por todas.
Paulo Guedes, cada vez mais enfraquecido no cerne do governo, não sabe responder às perguntas mais difíceis
Resistência
De acordo com integrantes da equipe econômica, ouvidos por jornalistas da mídia conservadora, a avaliação é a de que a reforma do IR “não se paga” e que as disputas em torno do projeto são até positivas por adiar ainda mais a votação, deixando tudo como está. Apesar do ceticismo de parcela da sua equipe, o ministro da Economia busca junto à oposição uma espécie de “tábua de salvação” para a proposta.
Guedes teria ligado para o líder da oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), e pediu uma conversa com os demais representantes da centro-esquerda. O ministro se valeu de um denominador comum entre eles: o desejo de taxar lucros e dividendos, um ponto que encontra resistência nos partidos de centro.
O contato teria acontecido depois que a reforma saiu de pauta no Plenário da Casa pela terceira vez, com a mobilização de líderes do centro, oposição e até do governo preocupados com o impacto do texto para Estados e municípios. O foco era a possibilidade de ampliar a cobrança de IR sobre dividendos (hoje isentos) de forma gradual, o que afetaria a arrecadação não só da União, mas também dos governos regionais. Um pedido de retirada de pauta foi aprovado pelo placar de 399 votos a favor e 99 contra.
Substitutivo
Na conversa, Guedes teria dito que é importante para o país aprovar a reforma e que o projeto saiu de pauta porque não havia segurança de que seria aprovado. O encontro ficou agendado para a próxima terça-feira. Os parlamentares, reunidos com Guedes, tendem a defender a taxação de lucros e dividendos de forma progressiva - taxar mais os que ganham mais – e a ampliação da faixa de isenção e da declaração simplificada para pessoas físicas.
— Essa lista de tópicos que os partidos de oposição devem apresentar ao governo terá foco na progressividade tributária. Tem que haver mais alíquotas na tributação sobre lucros e dividendos. Não pode haver escapatória no juro de capital próprio. Ele não pode ficar condicionado à tributação sobre minério, sobre recursos hídricos — afirmou, aos jornalistas, o deputado Afonso Florence (PT-BA).
Não houve, até agora, a apresentação de um substitutivo. Na prática, isso significa que, se o projeto for à votação, as novas mudanças serão feitas no Plenário por meio de emendas ao parecer, o que deixa pouca margem do governo para negociação.