Sergio Rial sai 10 dias após assumir o cargo, depois de seis anos à frente do Santander Brasil. Rial substituiu Miguel Gutierrez, que foi presidente da Americanas por cerca de 20 anos. O diretor financeiro Andre Covre também havia acabado de ingressar na Americanas.
Por Redação - de São Paulo
Analistas financeiros prendiam o fôlego, nesta quinta-feira, à espera de detalhes sobre o anúncio das Lojas Americanas, ocorrido na noite passada, sobre a descoberta preliminar de cerca de R$ 20 bilhões em "inconsistências" contábeis no balanço da companhia. Os fatos levaram à renúncia do CEO e do diretor financeiro na companhia, mas alguns já colocaram recomendação para os papéis sob revisão.
Sergio Rial sai 10 dias após assumir o cargo, depois de seis anos à frente do Santander Brasil. Rial substituiu Miguel Gutierrez, que foi presidente da Americanas por cerca de 20 anos. O diretor financeiro Andre Covre também havia acabado de ingressar na Americanas. A equipe do Bradesco BBI classificou como uma "inconsistência contábil considerável e sem precedentes" e considerou a notícia "bastante negativa".
"Nós — e o mercado — ainda carecemos de detalhes para medir efetivamente como, e por quanto tempo, o balanço e o 'P&L' (linha final do balanço) podem ter sido deturpados/impactados. O impacto potencial nos resultados futuros também não está claro", afirmaram em relatório enviado a clientes pouco antes da meia-noite. Mesmo considerando um impacto supostamente não caixa, vemos o anúncio como definitivamente negativo", afirmaram Pedro Pinto e equipe, em nota pública.
Análise
Eles ressaltaram que a primeira razão para tal visão se deve à magnitude "anormal", uma vez que R$ 20 bilhões equivalem a duas vezes o valor de mercado, 1,3 vez o valor contábil ou 0,6 vez as vendas brutas em 12 meses, "o que sugere que a empresa acumulou muitos erros ou muitos anos de más práticas contábeis".
"Em segundo lugar, este anúncio levanta preocupações importantes sobre a credibilidade da empresa e, eventualmente, sobre sua capacidade financeira. Esperamos uma grande reação negativa para a ação no pregão de amanhã (esta quinta-feira). Diante da magnitude do evento e da falta de informações, estamos colocando o papel em análise por enquanto."
Citando justamente a "falta de visibilidade sobre o que de fato aconteceu e os impactos efetivos a serem observados nas demonstrações financeiras da companhia", analistas da XP Investimentos liderados por Danniela Eiger também decidiram colocar a cobertura de Americanas sob revisão.
Revisão
Eles acrescentaram em relatório também no final da quarta-feira que o comunicado traz diversos riscos para a tese de investimentos, entre eles a saída de Rial, que enxergavam como pilar importante para sustentar o processo de transformação da companhia, devido a seu histórico de execução, gestão focada na redução de custos e credibilidade com o mercado.
— Sua saída pode ser vista pelos investidores como um alerta de mais riscos à frente — resumiram os analistas.
Analistas do Banco Safra também decidiram colocar a recomendação para as ações sob revisão, enquanto aguardam "mais clareza" sobre as inconsistências no balanço da companhia.