Segunda, 01 de Novembro de 2021 às 13:06, por: CdB
No caso da taxa básica de juros, a Selic, principal ferramenta de controle da inflação, a projeção dos economistas é que chegue a 9,25% ao ano em 2021, segundo as últimas previsões do boletim Focus. Para 2022, pela primeira vez, a expectativa é de que a taxa, que atualmente está em 7,75% ao ano, fique acima de dois dígitos e alcance a marca de 10,25%.
Por Redação - de Brasília e São Paulo
Pela 30ª vez seguida, a estimativa da inflação oficial no país foi de alta e alcança, agora, 9,17% para este ano e 4,55% para 2022. A projeção é do Boletim Focus, do Banco Central (BC), divulgado nesta segunda-feira. O documento reúne previsões de mais de 100 instituições do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos.
O levantamento da pesquisa Focus sobre a economia brasileira foi divulgada nessa segunda-feira pelo BC
Nem a alta dos juros foi suficiente para segurar a estimativa do mercado financeiro para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e, pela primeira vez, o patamar é superior a 9%. Na semana passada, a previsão estava em 8,96%.
O IPCA não deveria ser maior que 5,25% este ano, segundo a meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O centro da meta é de 3,75%, mas a margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo permite que o índice varie de 2,25% a 5,25%.
Juros e PIB
No caso da taxa básica de juros, a Selic, principal ferramenta de controle da inflação, a projeção dos economistas é que chegue a 9,25% ao ano em 2021. Para 2022, pela primeira vez, a expectativa é de que a taxa, que atualmente está em 7,75% ao ano, fique acima de dois dígitos e alcance a marca de 10,25%.
Sobre o Produto Interno Bruto (PIB), os analistas reduziram a expectativa para este ano e, até dezembro, deverá chegar a 4,94%. A previsão é menor do que na semana passada, de 4,97%, e menor que há um mês, quando o crescimento previsto era de 5,04%.
Para 2022, a projeção para o PIB também diminuiu. Os especialistas que participam da pesquisa semanal do Banco Central indicaram um crescimento do PIB de 1,20%. Para 2023, a previsão se manteve estável, com crescimento de 2,00%.
Mais pobres
A inflação oficial, acima de 10% em 12 meses, esconde reajustes equivalentes ao dobro disso no principal grupo de produtos consumidos pelos mais pobres, os alimentos. No período, segundo especialistas, o grupo subiu cerca de 20% — e quase 40% desde o início da pandemia.
O forte aumento no período agravou um cenário de disparada do desemprego na metade mais pobre do país. De 2014 a 2019, a desocupação nessa parcela da população quase dobrou (para 21%); e voltou a subir mais 8,5 pontos percentuais na pandemia. O resultado da combinação de alimentos e desemprego em alta é a queda aguda do poder aquisitivo dos mais pobres, com o aumento da fome e da miséria no Brasil.
Ainda segundo especialistas, para que os preços se estabilizem ou caiam nos próximos meses, é esperado que a atividade econômica e o emprego sofram ainda mais, repetindo o roteiro a partir de 2015, quando a inflação oficial (IPCA) cedeu de 10,67% naquele ano para 4,31% em 2019. Para que isso ocorresse, no biênio 2015-2016 o PIB brasileiro afundou 7,2%; e o Banco Central elevou a taxa básica de juro (Selic) para 14,25%, praticamente ao dobro da vigente dois anos antes.