Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Incidência de ferrugem asiática é menor neste ano em Minas Gerais

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Quinta, 13 de Janeiro de 2005 às 15:48, por: CdB

A incidência de ferrugem asiática nas principais regiões produtoras do Triângulo Mineiro ainda não atingiu os mesmos níveis registrados na safra 2003/2004. Em janeiro do ano passado, a doença estava generalizada. Na época, em cada 10 áreas visitadas de soja em pleno florescimento, 10 apresentavam a doença. Já nas lavouras mais novas era observada a incidência em 8 de cada 10 áreas monitoradas. Segundo os dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), até o momento a presença da doença foi identificada em apenas quatro municípios mineiros: Conquista, Patrocínio, Uberaba e Água Comprida, situados nas regiões do Alto Paranaíba e Triângulo.

Os primeiros focos de ferrugem asiática foram observados na safra 2002/2003, mas a desfolha das plantas. Em 2004, o surgimento foi precoce, agravado pelas chuvas constantes no Estado. A doença é provocada por um fungo e dissemina-se rapidamente em temperaturas entre 24 e 28 graus Celsius. Segundo os técnicos, a praga é totalmente controlada com a aplicação de fungicidas, sem prejuízos para o rendimento ou a produção.

De acordo com o último Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área plantada de soja no Estado deverá atingir 1,09 milhão de hectares, com produção de 2 96 milhões de toneladas, volume 11,6% superior ao da safra passada.

Custo - O coordenador de Produção Agrícola da ABC Agricultura e Pecuária (ABC A&P), pertencente ao grupo Algar, Maximiano Viotto Ferraz, considera que os custos para o monitoramento das lavouras têm se mantido estável este ano, considerando a própria soja como moeda de conversão. Entretanto, os custos estão mais elevados considerando os preços em reais. A grande dificuldade enfrentada no ano passado foi relativa à falta de defensivos no mercado, principalmente após a expansão da doença em todo o País, o que encareceu os preços dos defensivos no varejo.

Ele lembra que há dois anos, quando foi observado o aparecimento da doença pela primeira vez, os gastos dos produtores com o controle da praga chegou ao equivalente a 1,17 saca de soja por hectare. No ano passado, este custo saltou para 4,8 sacas, relação que vem se mantendo estável este ano. Entretanto, segundo dados do Cepea/Agência Estado, a cotação média da soja na praça do Triângulo Mineiro na primeira semana de janeiro do ano passado era de R$ 44,20 a saca de 60 quilos. Já no mesmo intervalo deste ano, os preços foram de R$ 30,40 a saca, uma queda de 45,3%.

Os técnicos estão sugerindo duas aplicações de fungicidas, principalmente no momento final do florescimento. "Os produtores estão mais preparados que no ano passado, quando a doença começou a surgir de forma sutil e depois se disseminou rapidamente pelas plantações", diz. Para Ferraz, os produtores que conseguiram realizar a venda antecipada terão menos prejuízos este ano. "A diferença é que, na safra passada, os produtores estavam mais capitalizados, mas havia falta de defensivos no mercado. Neste ano, a situação é inversa", afirmou. Segundo um corretor da praça de Uberlândia, as vendas antecipadas de soja estão praticamente paradas.

Armadilhas - A pesquisadora Dulândula Silva Miguel Wruck. da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), afirma que a orientação aos produtores é de iniciar a aplicação de fungicidas mais cedo, até mesmo nas lavouras onde ainda não foi encontrada manifestações da doença. No final do ano passado, a empresa, que faz parte do Consórcio Anti-Ferrugem criado pelo Ministério da Agricultura, sugeriu a instalação de "armadilhas" nas plantações.

A técnica consiste no plantio antecipado, com irrigação, de pequenas lavouras de soja antes do período normal. No caso de incidência da praga, os produtores já iniciariam a pulverização. Para a pesquisadora da Epamig, o aparecimento da ferrugem asiática acabou contribuindo para um processo de "seleção natural" dos sojicultores

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