Queimada teria sido ordenada por facção criminosa para limpar terreno e viabilizar construções ilegais; fogo foi controlado após nove horas.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga se o incêndio que destruiu um vasto trecho de vegetação entre os bairros de Vargem Grande e Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste da capital, foi provocado intencionalmente por criminosos. A principal linha de apuração aponta para a atuação conjunta de milicianos e traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP), que controlam áreas da comunidade Pombo Sem Asa, em Vargem Grande.

O fogo teve início na noite de segunda-feira e só foi completamente controlado por volta das 4h30 desta terça-feira, após nove horas de combate ininterrupto por militares do Corpo de Bombeiros. A suspeita é de que a queimada tenha sido ordenada com o objetivo de limpar terrenos para a construção de imóveis irregulares.
Área afetada vai do mato à praia e preocupa autoridades
A região atingida pelas chamas se estende da Estrada do Rio Morto, em Vargem Grande, até as imediações da Praia do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes. Ao todo, mais de 30 bombeiros de cinco unidades foram mobilizados. A operação de combate ao incêndio contou com o uso de um drone equipado com câmera térmica, que auxiliou no mapeamento das áreas mais críticas e na definição das estratégias de contenção.
Os militares se dividiram em quatro frentes de trabalho para acessar os pontos mais afetados. Entre as maiores preocupações estavam a proximidade do fogo com áreas residenciais e um heliponto com tonéis de combustível, o que poderia agravar ainda mais a situação. O incêndio chegou a formar uma linha de fogo com aproximadamente um quilômetro de extensão.
Investigação aponta ligação com ocupações ilegais
Nesta terça-feira, agentes da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) estiveram no local em busca de vestígios que confirmem a origem criminosa do incêndio. A especializada já investigava a atuação de milicianos e traficantes da comunidade Pombo Sem Asa por ocupação irregular do solo e construções ilegais.
Uma das hipóteses é que os focos de incêndio tenham sido iniciados deliberadamente nas imediações da comunidade, com o propósito de desmatar a área e facilitar o avanço de construções clandestinas. Além da Pombo Sem Asa, criminosos do mesmo grupo também controlam os territórios das comunidades Taboinhas e Palmares, todas na região. Um dos líderes da quadrilha é conhecido pelo apelido de GB.
Conflitos entre facções aumentam tensão na região
A vizinhança entre facções rivais também eleva a tensão na Zona Oeste. Vargem Pequena, bairro contíguo a Vargem Grande, abriga comunidades dominadas pelo Comando Vermelho (CV), como Cesar Maia, Coroado e Fontela. Os confrontos entre CV e TCP são frequentes, e os acessos às comunidades são constantemente vigiados por homens armados.
Em dezembro de 2024, a turista baiana Diley Silva, moradora de São Paulo, foi baleada e morta ao entrar por engano, em um carro de aplicativo, numa rua que cruza a comunidade Fontela. Os disparos partiram de integrantes do CV, que controlam a região.
Invasão no Ninho do Urubu reforça clima de insegurança
No último dia 18, homens não identificados invadiram um setor anexo do Centro de Treinamento do Flamengo, conhecido como Ninho do Urubu. A área invadida, que fica a menos de quatro quilômetros da comunidade Pombo Sem Asa, passa atualmente por obras e é separada da parte frequentada por jogadores.
A Polícia Militar foi acionada após denúncia sobre a presença de suspeitos no local. Acredita-se que os invasores estariam fugindo de uma operação policial nas proximidades. Nenhum suspeito foi localizado durante a averiguação.