Incêndio destrói 19 barracos em favela de SP

Um incêndio ocorrido na madrugada de hoje na Favela do Moinho, nos Campos Elíseos, centro de São Paulo, destruiu 19 barracos, e deixou outros seis afetados, desabrigando 46 pessoas, que tiveram de ir para casa de amigos e parentes. A Defesa Civil distribuiu 47 colchões, 46 cobertores e 19 cestas-básicas às famílias afetadas.

A causa do incêndio ainda é desconhecida, mas de acordo com informações da Eletropaulo, houve sobrecarga em um transformador na Rua Elias Chaves, na altura do n° 146, onde há um poste de onde a energia é puxada para a favela.

A região ficou sem energia das 22h, quando a Eletropaulo começou obras de manutenção, até as 3h13, quando a energia foi religada. Foi nesse período, por volta das 2h30, que ocorreu o incêndio. Como as ligações elétricas na favela são irregulares, é possível que tenham sido afetadas por possíveis oscilações de energia.

A favela ocupa a parte inferior do Viaduto Rio Branco, mas os barracos incendiados ficam numa extremidade fora da área do viaduto, que não precisou interdição.

A proximidade das linhas de trens da CPTM, entretanto, deixou os técnicos em alerta. As linhas chegaram a ser interditadas por volta das 3h30 porque as mangueiras dos bombeiros estavam nos trilhos. Mas em poucos minutos o fogo foi apagado e as linhas foram liberadas.

Esse não não foi o primeiro incêndio na Favela do Moinho. Em 9 de dezembro de 2001 um curto-circuito em um dos "gatos" (ligações clandestinas) usados para levar luz aos barracos destruiu 3 moradias. O fogo chegou a 10 metros de altura. Não houve feridos, mas a circulação dos trens da CPTM foi interrompida.

Pouco depois de o incêndio ter começado, por volta das 2h40, a dona de casa Maria de Lourdes da Silva, 42 anos, chorava nos ombros do marido.

Ela contou que teve de sair às pressas do barraco em que morava, que logo foi destruído pelas chamas. "Começou sem motivo nenhum, meu Deus. E eu não salvei nem meus documentos. Nada."

Segundo os vizinhos, o fogo pode ter sido provocado por alguma vela acesa, pois a favela ficou sem luz desde o final da noite de ontem(09).

"Isso é falta de consciência. A pessoa vai dormir e deixa a vela queimando. Não pensa nos outros, não pensa nem em si mesma. Não zela pela segurança. Aí dá nisso", reclamava Francisco Carlos Pinto de Souza, 28 anos, morador de outro barraco atingido pelas chamas.