Em evento em Budapeste ao lado de líderes estrangeiros, premiê Viktor Orbán defende que casais cristãos tenham mais filhos. "Família tradicional" é a solução para queda da natalidade na Europa, e não a imigração, afirma.
Por Redação, com DW - de Genebra
O governo nacionalista do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, promoveu na quinta-feira, em Budapeste, uma "conferência demográfica" para discutir iniciativas para incentivar a procriação entre casais cristãos como forma de se sobrepor à imigração na Europa.
Líderes
Ao lado dos líderes da República Tcheca e da Sérvia, além de outros políticos estrangeiros, líderes religiosos e diplomatas, Orbán diss que os países europeus devem promover "modelos tradicionais de família" e encorajar os casais cristãos a terem mais filhos. Ele rejeitou a ideia da imigração como solução para o declínio demográfico na Europa.
– Se aceitarmos a imigração como uma solução, estaremos contribuindo para uma substituição populacional – afirmou Orbán, empregando um termo utilizado em círculos de extrema direita.
O húngaro criticou o que chamou de "novo tipo de argumentação verde" que sustenta que ter menos crianças é melhor para o planeta e para o meio ambiente, dizendo que essa teoria é antinatural e "acéfala".
Orbán anunciou neste ano um pacote de incentivos financeiros às famílias como meio de estimular a procriação, que inclui isenções de impostos para toda a vida às mulheres que derem à luz quatro filhos ou mais.
– Apenas conseguiremos ter êxito quando construirmos um sistema de apoio familiar sob o qual os que decidirem ter filhos recebam garantias de um melhor padrão de vida do que aqueles que optarem por não tê-los – disse o primeiro-ministro.
Ele defende que as políticas pró-família devem estar asseguradas pelas Constituições nacionais, que devem protegê-las de "ataques" proferidos por decisões "antifamília" da Justiça e por ações de ONGs que, segundo afirma, conseguem influenciar o processo decisório do país.
– De acordo com os valores húngaros, cada criança tem direito a ter um pai e uma mãe – disse Orbán. "Quando falamos de família e subsídios familiares, apoiamos as famílias tradicionais."
A nova Constituição
A nova Constituição húngara, aprovada em 2012 por meio da maioria parlamentar obtida pelo partido de Orbán, o Fidesz, estabelece que o país "protege a instituição do casamento como sendo a união entre um homem e uma mulher".
Após assumir seu terceiro mandato no ano passado, o primeiro-ministro renomeou a direção política de seu governo como "democracia cristã". Ele defende que "a condição para o sucesso [das políticas pró-família] é o ressurgimento da cristandade na Europa".
O primeiro-ministro tcheco, Andrej Babis, o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, e o ex-premiê da Austrália Tony Abbott, convidado de honra da conferência, elogiaram em seus discursos a liderança de Orbán.
Abbott afirmou que a maior ameaça às civilizações ocidentais não é a mudança climática, mas o declínio populacional. Ele criticou o príncipe Harry do Reino Unido e sua esposa, Meghan Markle, por afirmarem que não terão mais de dois filhos em razão dos efeitos ao meio ambiente.
– Ter menos crianças nos países ocidentais dificilmente trará melhorias ao meio ambiente, enquanto tantas crianças nascem em outras partes (do mundo)– argumentou o australiano.
O evento, o terceiro realizado no país sobre o tema da demografia, ocorreu no dia seguinte a uma conferência sobre "comunicações cristãs", em que foram discutidos meios de promover os valores cristãos nos órgãos de imprensa.