Que cara ganhará o segundo governo Lula? Há quem aponte para um governo mais conservador, travado pelas dificuldades de apoio parlamentar. Há os que apontam para mudanças significativas na política econômica, com Mantega substituindo a Palocci, com seus efeitos no resto das políticas governamentais.
Mas talvez a cara de um segundo governo Lula possa estar sendo decidida a partir de agora. A atitude da Volkswagen de demitir 1,8 mil trabalhadores, como resposta à suspensão da liberação de recursos do BNDES, depois que a empresa anunciou o projeto de fechamento da sua fábrica em São Bernardo do Campo, representa um desafio ao governo, instaurando um braço de ferro.
Se o governo ceder, terá deixado um grave precedente, que reconheceria o direito das grandes empresas privadas de demitir quanto trabalhadores desejem, sem assumir nenhuma responsabilidade social. Querem reafirmar a ditadura da propriedade privada dos meios de produção sobre os direitos dos trabalhadores.
Da atitude do governo neste caso, diante da atitude arbitrária da empresa e da greve dos trabalhadores, depende em grande medida o caráter do segundo governo Lula: um governo que atende aos interesses da maioria e do país como um todo ou um governo que representa privilegiadamente as grandes empresas transnacionais. Um governo dos poderosos ou um governo do povo?