Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Gravação que comprova extorsão de praticada por Armando Melão é divulgada

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Segunda, 22 de Março de 2004 às 23:42, por: CdB

Está documentada em vídeo a série de negociações que terminou na prisão, em flagrante, do ex-presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo. Armando Melão está preso desde a última sexta-feira, acusado de extorsão.

A saída de um restaurante francês. Um encontro em um piano-bar. Nos últimos dias, a Polícia Federal acompanhou e gravou, passo a passo, as negociatas da extorsão.

Em uma das reuniões, no escritório do advogado da vítima, Armando Melão diz, por escrito, quanto quer de entrada:

- Isso aqui na segunda. E uma outra igual a esta aqui na sexta.
No papel, Melão escreveu:

- Na segunda, US$ 100 mil e mais US$ 100 mil na sexta.

A extorsão começou em novembro do último ano. De acordo com a Polícia Federal, durante a negociação, Armando Melão usou extratos falsificados de contas em bancos em Nova York e do Caribe. Ele dizia que eram documentos oficiais da CPI do Banestado e que estava a serviço da CPI.

Segundo a polícia, ele queria vender a suspensão de uma falsa convocação para depor no Congresso e ameaçava tornar público um dossiê contra a vítima.

Em uma gravação, a câmera capta apenas a imagem de Armando Melão. Na frente dele, está o filho da vítima, que conduz a negociação e fala sobre os valores que, segundo a farsa de Melão, os deputados exigem:

- Os caras estão me pedindo US$ 2,4 milhões. Que mercadoria é essa? Eu quero ver. A convocação vale US$ 20 mil, o documento vale US$ 10 mil, o dossiê vale US$ 2 milhões. Armando, é muito dinheiro!.

Em troca do dinheiro, o filho da vítima quer garantias:

- O que eu quero é resolver com eles um jeito, para que esses caras não venham amanhã com a mesma situação de achaque. Se um some com a grana, o outro fica irritado e acha que eu não dei.

Melão assegura que todas as provas que, segundo ele, teriam sido guardadas por um deputado, chegarão às mãos da vítima depois do pagamento:

- Tudo o que está lá será entregue a você. Ele também não tem interesse em ficar com esse troço. Porque é o seguinte: se você pega um documento que comprova que o sujeito cometeu procedimentos ilícitos e você, enquanto parlamentar, enquanto membro de uma comissão que investigou isso, não toma providências, então você está prevaricando.

Na última segunda-feira, em depoimento, o filho da vítima confirmou a extorsão. A família dele e a de Armando Melão são velhas aliadas na política. E resumiu a atitude do ex-presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo:

- O que Melão fez foi traição.

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