Kiev afirma que navio de desembarque de tropas teria sido fortemente atingido, mas Kremlin diz ter repelido investida. Guerra de imagens nas mídias dos dois países apresentam versões diferentes para o ocorrido.
Por Redação, com DW - de Kiev/Moscou
Autoridades ucranianas afirmaram que um ataque de drones a um dos principais portos da Rússia no Mar Negro nesta sexta-feira gerou danos graves a um navio militar russo. Moscou, por sua vez, diz ter repelido a investida.
O ataque em Novorossisk, o último de uma série de estragos causados por aeronaves não tripuladas em solo russo, marca a primeira vez que um porto comercial da Rússia é atingido nos 18 meses desde o começo da invasão da Ucrânia pela Rússia.
O porto, onde está localizada uma base naval, um estaleiro e um terminal de petróleo, é de fundamental importância para as exportações do país e fica próximo à Península da Crimea, território ocupado ilegalmente pela Rússia desde 2014, onde as autoridades russas afirmam ter evitado mais um ataque durante a noite, interceptando em torno de 13 drones.
Segundo fontes do governo citadas pela agência de notícias AP, o Serviço de Segurança da Ucrânia e a Marinha do país realizaram o ataque a Novorossisk, que resultou em danos graves ao navio de desembarque de tropas Olenegorsky Gornyak.
O navio teria ficado incapacitado de realizar suas missões de combate, disse a fonte na condição de anonimato. Outra fonte anônima citada pela agência de notícias AFP confirmou o sucesso do ataque ao navio russo, dizendo que a embarcação era o alvo planejado.
Agências de notícias ucranianas divulgaram imagens de redes sociais que supostamente seriam do Olenegorsky Gornyak adernado (tombado sobre um lado) no porto de Novorossisk. Outras filmagens mostravam o que parecia ser um drone marítimo se aproximando de um navio.
Mais tarde, o porta-voz da inteligência militar ucraniana Andriy Yusov disse que o ataque em Novorossisk é uma boa noticia para o país e uma grande perda para Rússia, além de ser uma "tragédia" para a propaganda militar do Kremlin.
Yusov afirmou que esses navios de desembarque geram um risco estratégico para a Ucrânia, e ressaltou que investidas como essa vão continuar ocorrendo.
Mykhailo Podolyak, assessor do presidente Volodimir Zelensky, afirmou que os drones marítimos vão "mudar as regras do jogo" e terminar com a presença russa no Mar Negro. Segundo ele, a Ucrânia poderá garantir a "liberdade e segurança para o comércio mundial no Mar Negro".
Rússia diz ter repelido ataque
O navio projetado para transportar tropas e equipamentos foi enviado ao estaleiro local em 2014 para reparos. Normalmente, a embarcação integra a frota russa no Ártico.
Moscou, por sua vez, disse ter impedido o ataque em Novorossisk e que navios que patrulhavam o porto, incluindo o próprio Olenegorsky Gornyak, destruíram dois drones marítimos.
A empresa Consórcio do Oleoduto do Cáspio, que opera o terminal no porto, informou que o tráfego marítimo foi interrompido durante algumas horas, mas que suas instalações não sofreram danos. O governo local disse que não houve registro de mortes.
Imagens divulgadas pela imprensa e redes sociais na Rússia mostravam um navio atirando no mar e um objeto explodindo. A autenticidade das imagens divulgadas pelos meios russos e ucranianos não pôde ser confirmada de forma independente pela agência alemã de notícias Deutsche Welle (DW).
O incidente desta sexta-feira é o mais recente de uma série de ataques em solo russo nos últimos dias. No início da semana, drones atingiram duas vezes seguidas um edifício em Moscou. Em maio, o Kremlin foi alvo de um ataque semelhante, embora haja suspeitas de que possa ter sido uma encenação por parte dos russos.
Tensões no Mar Negro
O Mar Negro vem se tornando um campo de batalha cada vez mais relevante, principalmente após a Rússia se retirar do acordo para a exportação de grãos que permitia o escoamento da produção ucraniana através do mar.
Desde então, os russos vêm realizando ataques intensos aos portos ucranianos, o que agrava ainda mais o fornecimento mundial de alimentos após o país deixar o acordo firmado com a intermediação da ONU.
Bombardeios russos causaram danos e um incêndio de grandes proporções em uma instalação em uma região de Odessa considerada vital para as exportações ucranianas.