Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Governo Lula enfrenta um novo cerco, armado pela ultradireita

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Sábado, 09 de Março de 2024 às 12:37, por: Gilberto de Souza

De maneira eficaz e bem planejada, o noticiário de todo dia sofre correções de rumo nos jornais, revistas, sites de notícias e canais de TV, pagos ou públicos, de propriedade das poucas famílias que detêm a ampla maioria da audiência, no país.


Por Gilberto de Souza - do Rio de Janeiro

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), muito em parte pela repetição de decisões que remetem aos erros do passado, entra em uma nova espiral que, ao fim, desaguará nas eleições de novembro em terreno favorável à ultradireita. Com o apoio firme dos meios conservadores de comunicação, os mesmos conspiradores de sempre — desde 1964 até o 8 de Janeiro — atuam para atingir o líder histórico brasileiro em seu ponto mais brilhante, que é a interação com os eleitores mais pobres.

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A cobertura das manifestações que levaram à queda da presidenta deposta Dilma Rousseff (PT) foi patrocinada com recursos da Secom


De maneira eficaz e bem planejada, o noticiário de todo dia sofre correções de rumo nos jornais, revistas, sites de notícias e canais de TV, pagos ou públicos, de propriedade das poucas famílias que detêm a ampla maioria da audiência, no país. Usam espaços generosos, por exemplo, para repercutir o paralelo traçado por Lula entre os métodos nazistas para dizimar judeus, na década de 1940, e agora contra os palestinos, em Gaza, pela gestão do premiê israelita Benjamin Netanyahu.

 

Cardápio


O massacre do povo palestino, para a mídia conservadora, fica em segundo plano. Foram mortos, até hoje, cerca de 30 mil palestinos, mas o que disse ou deixou de dizer o presidente Lula torna-se uma questão decisiva para o futuro da economia brasileira. Ou, mais infeliz ainda, para os destinos dos céus e dos infernos, na Terra.

Mas, o cardápio é variado. Tem, ainda, o resultado das pesquisas e todos os comentaristas do momento, em análises igualmente criptônicas, como se o fim do mundo estivesse logo ali, no porvir. Encontram motivos nos discursos do presidente, no preço das ações da Petrobras, nos dois fugitivos de Mossoró, como se questões decisivas fossem, enquanto levam para debaixo do tapete a estabilidade econômica, virada ao avesso na gestão do ex-ministro Paulo Guedes; além da retomada da credibilidade internacional e do aumento nas inversões de múltiplos investidores, ao redor do mundo.

Ou seja, tudo o que melhoraria, e muito, o ponto de vista dos brasileiros em relação ao novo tempo na política, torna-se supérfluo. Enquanto isso, passam ao largo as esquisitices da ultradireita, essas trevas mantidas pela usura, o egoísmo, a destruição ao meio ambiente e à vida, o ódio, o racismo, a beligerância e “o raio que os parta”.'

 

Um, dois, três


Esta, no entanto, não é a primeira edição do caderno de maldades contra a nação brasileira, impresso a ferro e sangue em nossa História. Mesmo depois dos ‘anos de chumbo’, houve o ‘mensalão’, a Operação Lava Jato; a prisão de Lula, o golpe de Estado contra a presidenta deposta, Dilma Rousseff (PT), e a vitória do neofascismo, pasmem, nas urnas. Foi o lombo elegendo a chibata. A bala, que loucura, vitoriosa no sufrágio dos fuzilados.

Desde o fim da gestão do ministro Franklin Martins, que trabalhou o quanto pode para a transformação na forma como o Planalto se comunica com os brasileiros, ainda nos mandatos iniciais do presidente Lula, o status quo foi mantido. As manifestações que iniciaram o processo de queda do governo Dilma Rousseff, com a cobertura diligente da mídia conservadora, patrocinada aos borbotões pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), por exemplo.

Da mesma forma agora, os fundos bilionários da Secom, babem, são drenados para sustentar a máquina de guerra da extrema direita, contra o presidente da República — sob o firme controle das bigtechs e suas redes sociais. O que é ainda mais assustador: está longe de acabar. O erro se repete ao longo de décadas. Décadas. Atenção: décadas.

Já dizia o meu avô: errar uma vez, é humano. Duas, burrice. Três, proposital.

Gilberto de Souza é jornalista, editor-chefe do jornal Correio do Brasil.

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