Rio de Janeiro, 06 de Dezembro de 2024

Governo do Líbano denuncia ‘crime de guerra’ após morte de jornalistas

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Sexta, 25 de Outubro de 2024 às 10:54, por: CdB

O ataque ocorreu durante a noite em Hasbaya, uma localidade que até agora praticamente não havia sido atingida pelos bombardeios. No mês passado, vários jornalistas se mudaram para este município, segundo a imprensa local.

Por Redação, com CartaCapital – de Beirute

Três jornalistas morreram nesta sexta-feira no Líbano em um bombardeio israelense e o governo de Beirute denunciou um “crime de guerra”, resultado da ofensiva do Exército de Israel contra o movimento pró-Irã Hezbollah.

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Um carro marcado como “Imprensa” no local de um ataque aéreo israelense que teve como alvo uma área onde vários jornalistas estavam localizados na vila de Hasbaya, no sul do Líbano

O canal pró-Irã Al Mayadeen anunciou que o repórter cinematográfico Ghassan Najjar e o engenheiro de radiodifusão Mohammad Reda morreram em um bombardeio aéreo israelense “deliberado”, que atingiu uma “residência de jornalistas” no sul do Líbano.

O ataque ocorreu durante a noite em Hasbaya, uma localidade que até agora praticamente não havia sido atingida pelos bombardeios.

No mês passado, vários jornalistas se mudaram para este município, segundo a imprensa local.

O canal Al Manar, do Hezbollah, afirmou que o repórter Wissam Qassem também morreu no bombardeio israelense em Hasbaya.

O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, e o ministro da Informação, Ziad Makari, denunciaram um bombardeio “deliberado” que chamaram de “crime de guerra”.

Israel não comentou o bombardeio, que, segundo o Ministério da Saúde libanês, também deixou três feridos.

Outros bombardeios foram registrados na periferia sul de Beirute, um dos redutos do Hezbollah, onde dois edifícios foram destruídos e um incêndio teve início, segundo a agência de notícias libanesa NNA.

O Hezbollah e o Exército israelense estão em conflito na zona fronteiriça desde 8 de outubro de 2023, quando o movimento xiita começou a disparar foguetes contra o território de Israel em apoio ao movimento islamista palestino Hamas, que um dia antes havia executado um ataque sem precedentes no sul de Israel, que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza.

O Exército de Israel concentrou os esforços no território palestino até meados de setembro deste ano, quando deslocou a maior parte de suas operações ao Líbano para combater o Hezbollah.

Em 23 de setembro, Israel iniciou uma campanha aérea e, uma semana depois, uma operação terrestre no sul do país, com o objetivo de permitir o retorno dos 60 mil habitantes do norte de Israel que abandonaram suas casas devido aos incessantes disparos de foguetes do Hezbollah.

Ao menos 1.580 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro, segundo uma contagem da agência francesa de notícias AFP baseada em dados oficiais.

O ministro libanês da Saúde, Firas Abiad, anunciou que 163 funcionários dos serviços de resgate e profissionais da saúde morreram nos bombardeios israelenses no último ano.

Segundo a ONU, o conflito deixou pelo menos 800 mil deslocados.

O Exército israelense anunciou 10 mortes em dois dias, o que eleva a 32 o número de militares do país que faleceram desde o início da operação terrestre, segundo um balanço estabelecido pela AFP.

Bombardeios em Gaza

Na Faixa de Gaza, dois bombardeios israelenses deixaram 20 mortos em Khan Yunis, sul do território, segundo a Defesa Civil.

A guerra em Gaza começou com o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, quando milicianos islamistas mataram 1.206 pessoas, em sua maioria civis, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses que inclui os reféns mortos em cativeiro em Gaza.

Das 251 pessoas sequestradas, 97 permanecem em cativeiro em Gaza, mas 34 foram declaradas mortos pelo Exército.

Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva contra o Hamas, que governa Gaza desde 2007, e matou pelo menos 42.847 palestinos, a maioria civis, na Faixa, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

No plano diplomático, o governo dos Estados Unidos pediu a Israel que aproveite a oportunidade criada pela morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, e retome as negociações para uma trégua. O chefe do movimento foi morto por soldados israelenses em 16 de outubro.

Até agora, as negociações indiretas mediadas por Catar, Estados Unidos e Egito para obter um cessar-fogo entre Israel e o Hamas terminaram em fracasso.

O Hamas, também apoiado pelo Irã, comunicou sua “disposição de interromper os combates”, afirmou na quinta-feira uma fonte de alto escalão do movimento, mas com condições que Israel sempre rejeitou.

Solução diplomática

Depois de uma reunião no Cairo entre autoridades egípcias e uma delegação do Hamas, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enviará David Barnea, chefe da Mossad, o serviço de inteligência estrangeiro do país, ao Catar.

Barnea se reunirá no domingo com o chefe da CIA, Bill Burns, e com o primeiro-ministro do Qatar para discutir “diferentes opções para retomar as negociações sobre a libertação dos reféns”, informou o gabinete de Netanyahu.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, considerou nesta sexta-feira em Londres que é urgente alcançar uma “solução diplomática”.

O alto representante da União Europeia para Relações Exteriores, Josep Borrell, advertiu que a comunidade internacional está em uma “corrida contra o tempo” para encontrar uma “solução política” para o conflito no Líbano e evitar uma “conflagração generalizada”.

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