Segundo imigrantes ouvidos pelo jornal, as pessoas em situação de rua são abordadas com promessas de que teriam moradia em outros lugares. Entretanto, foram enviadas a lugares distantes e, muitas vezes, denunciadas para deportação.
Por Redação, com CartaCapital – de Paris
Uma reportagem do New York Times aponta que o governo da França está retirando imigrantes em situação de rua de Paris e os enviando a outras cidades francesas em ônibus, sem ao menos dizer o destino. A medida estaria sendo tomada para “limpar” a capital francesa às vésperas dos Jogos Olímpicos, que acontecem a partir do dia 26.
Segundo imigrantes ouvidos pelo jornal, as pessoas em situação de rua são abordadas com promessas de que teriam moradia em outros lugares. Entretanto, foram enviadas a lugares distantes e, muitas vezes, denunciadas para deportação.
Cerca de 5 mil pessoas foram removidas só no ano passado, de acordo com a reportagem, e colocadas em ônibus para localidades que muitas vezes ficam a centenas de quilômetros, como Lyon ou Marselha.
– Eles te dão uma passagem para um lugar aleatório. Se for para (a cidade de) Orleans, então você vai para Orleans – disse Oumar Alamine, um imigrante da República Centro-Africana ouvido pelo New York Times.
Em resposta ao jornal, o governo francês negou que a medida esteja ligada aos Jogos Olímpicos. Entretanto, um e-mail obtido pelo jornal esportivo francês L’Équipe mostra um agente governamental dizendo que o objetivo do processo era “identificar pessoas nas ruas em locais próximos às instalações olímpicas” para que fossem removidos antes dos jogos.
Pontos icônicos
As Olimpíadas acontecem entre os dias 26 de julho e 11 de agosto. Além de pontos icônicos, como a famosa Torre Eiffel, as instalações para os Jogos estão sendo construídas em outras partes da região metropolitana da cidade, como o subúrbio de Saint-Denis, onde viviam muitos dos imigrantes removidos.
Quando foi sede dos Jogos Olímpicos em 2016, a cidade do Rio de Janeiro viveu situação semelhante, que foi denunciada pela Defensoria Pública do Estado. Entre março e julho daquele ano, cresceu em 60% o volume de constrangimentos e violência contra pessoas em situação de rua na região central da cidade, conforme registro feito pelo UOL à época.