Os presos dos regimes semiaberto, condicional e Prisão Albergue Domiciliar (PAD), com uso de tornozeleira para monitoramento, estão aptos a trabalhar fora das unidades.
Por Redação, com ACS - de Rio de Janeiro
Devolver a dignidade ao apenado do Rio de Janeiro e ajudá-lo a se inserir novamente no mercado de trabalho. É com este objetivo que a Fundação Santa Cabrini (FSC), vinculada à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), desenvolve suas atividades no Estado. Assim que assumiu, a nova gestão conseguiu aumentar de 700 para cerca de mil internos em postos de trabalho.
Os presos dos regimes semiaberto, condicional e Prisão Albergue Domiciliar (PAD), com uso de tornozeleira para monitoramento, estão aptos a trabalhar fora das unidades. Eles recebem, em média, de R$ 998 a R$ 1,2 mil. De acordo com a presidência da Santa Cabrini, novas parcerias já estão sendo fechadas para a criação de mais postos de trabalho.
Outra iniciativa foi o lançamento da Revista Cabrini, em maio deste ano.
- A revista é uma experiência de empreendedorismo e geração de renda para os internos fluminenses. Começamos com uma tiragem de 500 exemplares e já estamos na segunda, com outras mil unidades. Isso mostra que, em pouco tempo, a ação está dando certo – disse Eduardo Gameleiro, presidente da FSC.
Como vendedores da publicação, os internos recebem, de forma gratuita, 10 revistas, que são repassadas ao consumidor ao valor de R$ 5. Após a venda desses primeiros exemplares, ele pode retornar e adquirir quantos exemplares desejar para fazer novas vendas. Nesse retorno, cada revista terá o custo de R$1 e todo o lucro desse repasse aos apenados será convertido em prêmios para o melhores vendedores.
Novas parcerias
Outra ação que tem tido sucesso é a parceria com a Cedae. Atualmente, 500 apenados trabalham na companhia e são responsáveis pela produção de plantas nativas que ajudam no reflorestamento de encostas e leito de rios do estado.
- Nossas ações fazem parte da construção da política pública da Fundação Santa Cabrini, que é o resgate da mão-de-obra do apenado no sistema prisional. Até o fim de 2019, temos a meta de empregar três mil internos e, até o fim deste governo, cerca de 20 mil – explicou Eduardo.
- A Prefeitura do Rio é a mais nova parceira da FSC. Os órgãos e secretarias municipais devem gerar algo em torno de duas mil vagas para internos. E, já estamos em conversas com outras prefeituras fluminenses. Todo mundo ganha quando o preso está inserido no mercado de trabalho: ganha-se o sustento para ele e a família e a sociedade como um todo é favorecida com esta reinserção social – ressaltou o presidente, que ainda completou:
- Até agosto desse ano, vamos conseguir ser habilitados para gerir as vagas do programa Jovem Aprendiz também. Isso dará oportunidades de emprego e capacitação profissional aos menores internos do Degase, outra parcela que precisa muito da nossa atenção. O trabalho é uma ferramenta para dar dignidade ao ser humano.
Retorno ao trabalho
Funcionária do setor administrativo financeiro da Fundação Santa Cabrini, Aparecida Rodrigues, de 36 anos, conta que recomeçar a vida não foi fácil. Integrante do sistema PAD, ela faz planos para o futuro.
- Depois de tanto tempo na unidade, a oportunidade de emprego aqui foi única. Saímos de lá sem perspectiva nenhuma e sem chão. O salário ajuda nas despesas, mas precisamos saber como administrá-lo. Além disso, ajudo o meu filho, que tem 15 anos. Como aprendi a costurar na unidade, tenho planos de comprar uma máquina e montar o meu negócio – disse Aparecida, que trabalha na FSC há um ano e 5 meses.
Aos 50 anos, Antônio Gonzaga é outro colaborador da Fundação Santa Cabrini. Auxiliar de serviços gerais no local, ele, que está no regime condicional, tem conseguido ajudar a família.
- Metade do que recebo, eu dou para minha esposa e o restante pago as minhas despesas. Quero seguir trabalhando para ajudar ainda mais minha família. A vida é bem melhor desta forma e todos gostam bastante do meu trabalho – afirmou Antônio.