Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Funcionários da OAS citam Serra e Aécio em delação premiada sobre corrupção

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Quarta, 27 de Fevereiro de 2019 às 12:32, por: CdB

O relatório da Procuradoria-Geral da República (PGR), vazado para a mídia conservadora, contém 127 depoimentos de ex-executivos da construtora. O documento contém, ainda, informações sobre o financiamento de campanhas políticas e as obras que superfaturadas.

 
Por Redação - de São Paulo
  Oito funcionários da empreiteira OAS, todos ligados ao setor que contabilizava a propina a políticos e autoridades públicas, foram unânimes em confessar o repasse de propinas e caixa 2 para 21 políticos de oito partidos. Entre os nomes envolvidos, nos autos da delação premiada, constam o senador José Serra (PSDB-SP), o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), o ex-governador do rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) e o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM); além do ex-governador do Rio Grande do Sul Fernando Pimentel (PT) e de Jaques Wagner (PT-BA).
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Serra, atualmente sem mandato, pode ser preso a qualquer momento, caso seja comprovada sua participação em esquema criminoso
O relatório da Procuradoria-Geral da República (PGR), vazado para a mídia conservadora, contém 127 depoimentos de ex-executivos da construtora. O documento contém, ainda, informações sobre o financiamento de campanhas políticas, as obras que foram superfaturadas e o sistema de funcionamento do esquema. Entre os políticos delatados constam, como beneficiários do esquema, outros funcionários públicos, dirigentes de estatais, doleiros, integrantes de fundos de pensão, empresários e integrantes do Poder Judiciário. O depoimentos seguem na direção das suspeitas dos investigadores, que somam as confissões aos passos do operador do PSDB, o engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto. Ele está preso há mais de uma semana.

Valério

Paulo Preto segue no vórtice de um processo jurídico que envolve o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin; e os candidatos derrotados à Presidência da República, ex-senadores Aécio Neves (MG) e José Serra. Em outubro do ano passado, em depoimento de mais de oito horas no Departamento Estadual de Investigações sobre Fraudes, na capital mineira, o publicitário Marcos Valério também contribuiu com as investigações. Segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil junto a fonte próxima ao processo, na Justiça mineira, Valério citou o engenheiro Paulo Preto, no primeiro depoimento que prestou depois do acordo de delação premiada, sob a supervisão do Ministério Público do Estado. Chefe do Departamento de Policia Civil, o delegado Rodrigo Pinho de Bossi adiantou aos jornalistas que não pretende liberar o depoimento até que o acordo de delação premiada seja, integralmente, homologado pela Justiça, o que ainda não aconteceu, até agora. Roubalheira Marcos Valério, que cumpre pena de 37 anos e 5 meses em regime fechado; condenado na Ação Penal 470 do Supremo Tribunal Federal (STF), processo conhecido como ‘mensalão’, era dono de uma agência publicitária. Por intermédio da empresa, repassava recursos a políticos de todos os partidos, nos primeiros anos do primeiro mandato do governo Lula. Anteriormente, porém, servia ao PSDB; tanto em Minas Gerais quanto em São Paulo. — A roubalheira começou, na realidade, ainda durante a gestão de Eduardo Azeredo, do PSDB, no governo mineiro. Foi ali que Valério montou o esquema para repassar a propina aos políticos e partidos — disse a fonte ouvida pelo CdB, em condição de anonimato. No depoimento prestado à Polícia Civil mineira, Valério confirmou a autenticidade de documentos contidos no processo. Entre eles, possíveis ligações com Paulo Preto. O apontado operador da campanha de José Serra, embora arquirrival do mineiro Aécio Neves, figura na chamada Lista do Valério. Trata-se de um documento considerado apócrifo, até agora, pela polícia. Mas, na lista, constam nomes de pessoas que receberam recursos de Marcos Valério.

Suspeitos

Os nomes que o publicitário citou foram nomeados para cargos relevantes nos governos de Fernando Henrique Cardoso (FHC); Aécio Neves e Alckmin. Agora, os investigadores poderão cruzar as informações entre o que disse Valério e os álibis oferecidos por outros suspeitos, entre eles Paulo Preto. — Marcos Valério estava um degrau acima de Paulo Preto na hierarquia da corrupção tucana. Assim, teria repassado uma parcela do que arrecadava para o operador do esquema paulista. São esses detalhes que Valério está esmiuçando, agora, nesse acordo de delação — disse a fonte. Paulo Preto que, segundo levantou o CdB, também estaria prestes a fechar um acordo de delação premiada com a Poli1cia Federal (PF), é suspeito de ser o operador do PSDB paulista; nas gestões de Geraldo Alckmin e José Serra. Ex-diretor da estatal Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), Paulo Preto teve apreendidos R$ 113 milhões em contas bancárias no exterior, segundo documentos enviados ao Ministério Público Federal em São Paulo por autoridades da Suíça.

Offshore

Alvo recorrente em investigação no STF, sob suspeita de ser operador do senador José Serra (PSDB-SP) em desvios de recursos do Rodoanel; Paulo Preto também é investigado em SP e, agora, no esquema montado por Marcos Valério. O Ministério Público suíço compartilhou, espontaneamente, com os procuradores paulistas as informações sobre quatro contas no banco suíço Bordier & Cie. Todas em nome de uma offshore panamenha, a Groupe Nantes S/A. O elo entre Paulo Preto, Alckmin e Serra começa, assim, a ser exposto. Há alguns anos, desde o fim da campanha de José Serra, em 2010, e de Aécio Neves, em 2014, Paulo Preto já assombra o ninho dos tucanos. Com José Serra, ele seria suspeito de operar o caixa dois; em meio a uma denúncia de que ele teria desviado cerca de R$ 40 milhões dos cofres tucanos. O processo não foi à frente, mas a repercussão não cessou, ao longo desses anos. Com Alckmin, Preto teria ajudado a subvencionado a campanha presidencial de 2006, com recursos obtidos junto a Marcos Valério; entre outros corruptos. A defesa de todos os citados nesta reportagem negam que seus clientes sejam culpados.
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