O ministro francês da Saúde, Philippe Douste-Blazy, assinou nesta sexta-feira um decreto que permite que as grávidas, com menos de cinco semanas, abortem em casa, com remédios prescritos por um médico. Com isto, as interessadas não precisam mais ir a um hospital.
A medida entrará em vigor quando for publicada no Boletim Oficial do Estado, o que deve ser feito nos próximos dias.
A partir de então, os ginecologistas e médicos de família poderão prescrever às grávidas um comprimido de 'mifegyne', a antiga 'RU 486', conhecida como 'a pílula do dia seguinte', para interromper a gestação. Dois dias mais tarde, deverão tomar uma segunda pílula (dois comprimidos de 'gymiso') para facilitar a expulsão do feto, o que deverá acontecer entre quatro e 72 horas depois, em sua própria casa.
Com a iniciativa se procura evitar as longas esperas necessárias para abortar em um hospital, além de evitar os riscos de que se supere o prazo para a interrupção da gravidez. A assinatura do decreto definitivo para a entrada em vigor do aborto com remédios fora do hospital é feita três anos depois da promulgação da lei que incluía essa medida, reivindicada há muito tempo por associações promotoras do direito ao aborto.
A nova disposição pode afetar as 50 mil francesas que recorrem por ano aos medicamentos para abortar e que até agora deviam ir a um hospital. No total, praticam-se na França cerca de 220 mil abortos anuais, segundo dados oficiais.