Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

FHC chama Fome Zero de 'ponto zero'

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Segunda, 26 de Abril de 2004 às 00:27, por: CdB

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou no último domingo, em entrevista à RedeTV!, o anúncio do programa Fome Zero, do governo federal. FHC chegou a ironizar o nome do projeto, chamando-o de 'ponto zero' devido aos poucos avanços.

O ex-presidente também avaliou o governo Lula e desabafou sobre antigos companheiros. Na entrevista, concedida durante um fórum de empresários em Comandatuba, o FHC criticou a forma com que o programa de combate à fome petista foi anunciado por Lula após a vitória nas eleições.

- Ficou-se com a impressão de que o Brasil tem 40 milhões de famintos miseráveis, o que não é verdade - disse.

FHC também criticou a postura do governo em casos como o de Valdomiro Diniz onde, segundo ele, a cúpula petista deveria ter aberto o governo para as investigações, 'deixando que o caso ganhasse as proporções devidas'. O tucano também disse ter estranhado a posição do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), de não aceitar a CPI.

- O membro de um partido que lutou contra a ditadura não deveria ter negado à oposição o seu direito de minoria de fazer uma CPI - afirmou, lembrando que alguns partidos, incluindo o PSDB, chegaram a recorrer ao STF para pedir a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito para o caso.

O ex-presidente, porém, fez vários elogios a Lula, inclusive por seu desempenho no exterior.

- Muita gente esquece que Lula foi um líder político e não apenas um líder sindical - disse, ao afirmar que não se surpreendeu com a desenvoltura do atual presidente no cenário internacional.
FHC também elogiou o estilo de liderança de Lula, ressalvando que o petista 'às vezes fala um pouco demais'.

Fernando Henrique, no entanto, repreendeu Lula por ter usado o boné do MST.

- Um Presidente não pode fazer propaganda de qualquer tipo - alegou, afirmando que o símbolo causou insegurança em parte da população.

- Nunca deixei que me colocassem boné de causa alguma - disse, ressaltando que a única vez que isso aconteceu foi quando um grupo de meninos de rua lhe colocou um boné ao contrário, que ele achou 'engraçado'.

Questionado sobre antigos companheiros políticos, Fernando Henrique se disse grato a Itamar Franco - e atribuiu a essa gratidão o fato de nunca ter respondido às críticas e acusações que o outro ex-presidente lhe fez durante seu mandato. FHC, porém, disse que Itamar tinha posturas bastante 'bizarras' e personalistas.

Já sobre Ciro Gomes, Fernando Henrique, de forma dura, novamente criticou as grosserias que o Ministro da Integração Nacional teria lhe dirigido durante a campanha e, em tom de brincadeira, chamou o curso que Ciro Gomes fez em Harvard com Mangabeira Unger de 'cursinho de inglês'.

Como já tem virado costume nas entrevistas que dá, Fernando Henrique fez mistério sobre sua eventual participação nas eleições presidenciais de 2006, dizendo que não gostaria de participar, mas que poderia, no caso de uma 'grave crise'.

Sobre as eleições para a prefeitura de São Paulo, FHC confirmou que Serra seria um forte candidato, apesar de 'ter porte para coisas maiores, como governador ou Presidente', mas afirmou que a questão será definida pelo governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin.

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