A superintendência regional do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) estima que as famílias de descendentes de escravos africanos de duas comunidades quilombolas do Rio de Janeiro - Comunidade Remanescente de Quilombos Preto Forro, em Cabo Frio, e na Comunidade Caveira Botafogo, em São Pedro da Aldeia - terão suas áreas regulamentadas até o final do ano.
- Há um mês e meio, nossas equipes de técnicos de diversas áreas estão indo lá e fazendo os estudos que essa regulamentação determina: qual é a ocupação do solo atual? Onde a comunidade exerce a sua influência? E mandamos equipes de topografia para medir porque, como vai ser emitido um título, tem que ter uma medição exata da área - afirma o superintendente do Incra, Mário Lúcio Melo.
Melo diz ainda que o levantamento receberá subsídios de um estudo antropológico realizado pelo Instituto Palmares, que deverá tratar da ocupação comunitária da terra. Segundo ele, o Quilombo de Preto Forro hoje abriga apenas 10 famílias em 90 hectares porque muitos abandonaram a área para procurar emprego, com medo de perder as plantações por falta de titularidade. Em Caveira Botafogo, 53 famílias vivem em 720 hectares.
Depois dessas comunidades, ainda segundo Melo, o trabalho será estendido a outros locais do estado, como a Ilha de Marambaia (Rio), Santana (Quatis), Rasa (Búzios) e São José (Valença). Ao todo, o Rio de Janeiro possui 20 comunidades quilombolas. Em julho, as famílias da comunidade de Preto Forro pediram ao Incra a regularização do território. A comunidade lutava contra a apropriação de suas terras por um fazendeiro do local. O incra iniciou então o levantamento para conceder o títulos de posse aos moradores.