Segunda, 12 de Novembro de 2018 às 10:01, por: CdB
Os xiitas, especialmente a minoria étnica hazara, são alvos frequentes de ataques insurgentes, muitos deles cometidos pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
Por Redação, com EFE e DW - de Cabul/Berlim
Pelo menos seis pessoas morreram e outras 20 ficaram feridas em uma explosão nesta segunda-feira em Cabul, perto de um protesto de centenas de integrantes da minoria xiita hazara, que pediam mais segurança em seus distritos no centro e no oeste do país, que atualmente são alvos de ataques talebãs.
Um insurgente suicida detonou os explosivos que carregava em seu colete por volta das 14h (horário local, 7h30 em Brasília), a poucos metros de onde se reuniam os manifestantes, perto do shopping Gulbahar, disse à agência EFE o porta-voz da polícia da capital, Basir Mujahid.
Um porta-voz do Ministério de Interior, Nasrat Rahimi, explicou à EFE que o agressor se explodiu próximo aos agentes de segurança desdobrados na área para proteger os manifestantes.
– Seis pessoas, incluindo três mulheres, dois homens e um soldado morreram no atentado suicida desta segunda-feira – informou a fonte, que acrescentou que outras 20 ficaram feridas na ação, entre elas três membros das forças de segurança.
O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, falou com os manifestantes e informou sobre as medidas de segurança implementadas nos três distritos, o que deu fim ao protesto e os participantes "foram para suas casas", disse em sua conta do Twitter o assessor de Ghani, Fazel Fazly.
Os xiitas, especialmente a minoria étnica hazara, são alvos frequentes de ataques insurgentes, muitos deles cometidos pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
Paquistanesa perseguida
Depois de sua libertação da prisão, esta semana, a cristã paquistanesa Asia Bibi afirmou que quer deixar o Paquistão e ir para a Alemanha com a sua família, segundo disse o advogado dela, em entrevista publicada no domingo pelo jornal Bild am Sonntag (BamS).
Bibi foi condenada à morte há oito anos por “blasfêmia” e, desde então, esteve presa, tendo sido libertada na quarta-feira passada. Embora a Suprema Corte tenha revogado a sentença de morte no final de outubro, ela ainda não conseguiu deixar sua terra natal após protestos de militantes islâmicos. O governo afirmou que, após deixar a cadeia, Bibi foi levada sob forte esquema de segurança a um lugar desconhecido dentro do país.
O advogado de Bibi, Saif-ul-Malook, afirmou que sua cliente “ficaria feliz se pudesse viajar para a Alemanha com sua família”. Malook, que fugiu para a Holanda por temer por sua vida, diz torcer para que ela consiga sair logo do Paquistão. “Não há exigências legais para a minha cliente, ela pode ir para onde quiser, mas o tempo está se esgotando”, disse.
Segundo o BamS, a Alemanha está disposta a acolher Bibi e sua família, sob determinadas condições. “Estamos em diálogo com o governo do Paquistão e nossos parceiros, e a proteção de Asia Bibi e sua família é prioridade para nós”, comunicou o Ministério do Exterior alemão. O órgão ressaltou que vários países europeus estão dispostos a receber a família caso ela possa sair do Paquistão. “Claro, isso também inclui a Alemanha”, frisou o ministério.
A cristã Asia Bibi foi indiciada em 2009, acusada por um imã de insultar o profeta Maomé durante uma briga com vizinhas muçulmanas por causa de um copo de água, sendo condenada à morte no ano seguinte.
O caso provocou indignação internacional, atraindo a atenção dos papas Bento 16 e Francisco, mas no Paquistão tornou-se uma causa para os grupos e partidos islâmicos e provocou pelo menos dois assassinatos.
A dura lei contra a blasfêmia no Paquistão foi estabelecida na era colonial britânica para evitar confrontos religiosos, mas, na década de 1980, várias reformas patrocinadas pelo ditador Muhammad Zia-ul-Haq favoreceram o abuso da lei.
Desde então foram registradas mil acusações por blasfêmia, um delito que, no Paquistão, pode levar à pena de morte, embora ninguém jamais tenha sido executado oficialmente por esse crime.
Segundo estimativas, cerca de 40 pessoas se encontram presas, sentenciadas à prisão perpétua ou à pena de more por causa de acusações similares. A blasfêmia também tem sido repetidamente motivo de assassinatos por linchamento no país.