O ex-embaixador do Iraque no Vaticano Wissam al Zahawie negou ter tentado comprar urânio do Níger para Saddam Hussein, como informou o Governo britânico, de acordo com matéria publicada neste domingo no jornal The Independent on Sunday.
Al Zahawie, cujo nome aparecia nos documentos retirados da embaixada do Níger em Roma e fornecidos aos serviços secretos italianos, disse na entrevista ao dominical que é "vítima de uma falsificação".
O Executivo britânico usou o conteúdo desses documentos, que sugeriam negociações para adquirir urânio, para justificar a necessidade de atacar o Iraque, como fez depois o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em seu discurso sobre o Estado da União. Mais tarde, a CIA americana negou a veracidade dos relatórios e acusou o Governo britânico de ter passado informação falsa.
Ainda hoje, Londres mantém a veracidade da afirmação de que o Iraque pretendia comprar urânio do Níger e sustenta que suas fontes foram várias e não apenas os documentos procedentes da Itália, que a própria ONU considerou falsos.
Al-Zahawie explicou ao jornal que foi ao Níger "com a única missão de visitar o presidente desse país e convidá-lo para viajar ao Iraque". Ele garantiu que "não tinha mais instruções e, claro, não tinha intenção de comprar urânio".
No mesmo artigo, o diplomata ressaltou que tanto a ONU como os Estados Unidos o exoneraram.
— Surpreende-me que ainda haja dúvidas sobre mim no Reino Unido. Estou aberto a cooperar com qualquer pessoa que deseje saber mais — frisou.
A delegação iraquiana liderada pelo ex-embaixador visitou Níger, na África Ocidental, em 1999. Em um relatório divulgado em setembro passado, o Executivo do primeiro-ministro Tony Blair assegurou que o regime de Bagdá "buscou grandes quantidades de urânio na África, apesar de não ter um programa civil de energia nuclear que exigisse isso".