O representante atuou como conselheiro durante o governo do ex-presidente Donald Trump (2017-2021), mas está no topo da política norte-americana desde a década de 1980, com passagens pelo Departamento de Justiça e de Estado e presença em todos os governos republicanos desde então.
Por Redação, com ANSA - de Washington
O ex-conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos John Bolton admitiu publicamente que governos do país ajudaram em golpes de Estado em outras nações na história recente durante uma entrevista à "CNN" na terça-feira.
O representante atuou como conselheiro durante o governo do ex-presidente Donald Trump (2017-2021), mas está no topo da política norte-americana desde a década de 1980, com passagens pelo Departamento de Justiça e de Estado e presença em todos os governos republicanos desde então. Ele deixou o governo do ex-mandatário em 2019.
Bolton foi questionado pelo jornalista Jake Trapper se Trump tentou dar um golpe nos Estados Unidos por conta da invasão no Capitólio em 6 de janeiro de 2021 ao que Bolton deu a entender que o ex-mandatário não conseguiria realizar a ação "cuidadosamente planejada".
– Eu não concordo com isso (golpe de Trump). Como alguém que ajudou a planejar golpes de Estado, não aqui, mas, você sabe, em outros países, isso dá muito trabalho. Ele [Trump] estava pulando de uma ideia para outra e eventualmente soltou os manifestantes contra o Capitólio, não há dúvida disso. Mas, era Donald Trump cuidando de Donald Trump – disse ao jornalista.
O ex-representante ainda afirmou que o que ocorreu em janeiro de 2021 "não foi um ataque à democracia" e que é um fato que acontece "uma vez na vida".
Questionado a sobre quais ações internacionais se referia, o ex-conselheiro afirmou que "não poderia entrar nas especificidades".
Então, Trapper questionou sobre a Venezuela e o apoio do governo dos EUA ao opositor Juan Guaidó em detrimento de Nicolás Maduro.
– Lá não foi bem sucedido. Não que nós tivéssemos muito a ver com isso, mas eu vi o trabalho que deu para a oposição tirar um presidente eleito de maneira ilegal e falhar – afirmou.
O jornalista tentou ainda arrancar mais informações, dizendo que "parecia que Bolton não estava falando tudo" ao que o ex-conselheiro respondeu que "com certeza há".
América Latina
Os EUA são apontados como financiadores ou organizadores de golpes de Estado em diversas ocasiões na América Latina, como no Brasil, em 1964, onde documentos provam que o então presidente Lyndon Johnson havia sido informado com antecedência do que ocorreria aqui.
Os norte-americanos também ajudaram a derrubar o governo iraniano de 1953, do então presidente Mohammad Mosaddegh. Bolton foi uma das principais vozes para a invasão do Iraque (2003-2011) contra as supostas armas químicas de Saddam Hussein, que se comprovaram uma mentira, e defendeu que os EUA "bombardeassem" a Coreia do Norte e o Irã.
Além disso, em novembro de 2018, Bolton fez uma visita oficial à casa do presidente Jair Bolsonaro.