Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Evo encontra Rice em rápida reunião no Chile

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Sábado, 11 de Março de 2006 às 14:01, por: CdB

O novo presidente boliviano, Evo Morales, que já chamou a si mesmo de pesadelo de Washington, descartou neste sábado as divergências públicas com os Estados Unidos e realizou a sua primeira reunião com a secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice. Ansiosa em provar que Washington não mantém ressentimentos contra a crescente onda de líderes esquerdistas na América Latina, Rice se reuniu rapidamente com Morales antes da posse da primeira presidente mulher do Chile, Michelle Bachelet, do Partido Socialista.

Morales e Rice apertaram as mãos e sorriram para as câmeras antes de se sentarem para uma reunião a portas fechadas em Valparaíso, no Chile. Morales, conhecido por se vestir informalmente, usava um casaco preto de couro. Nenhum dos dois respondeu às perguntas dos jornalistas. A Bolívia é considerada o terceiro produtor de cocaína do mundo, ficando atrás da Colômbia e do Peru, e o principal foco da reunião foi a política do novo presidente em relação à erradicação da coca.

Antes de se encontrar com Rice, Morales disse que queria discutir um "combate verdadeiro e eficiente contra o tráfico de drogas", o que não pode ser um "pretexto para o controle ou a recuperação do poder político". De sua parte, Rice fez o possível para enfatizar que Washington quer ser amigo da Bolívia e disse que por enquanto tem havido cooperação tanto no combate ao terrorismo como às drogas.

- Temos tido um bom relacionamento com a Bolívia e queremos mantê-lo - disse Rice aos jornalistas que viajaram com ela.

Morales entrou na política como líder dos plantadores de coca, e os Estados Unidos estão preocupados com a possibilidade de que ele permita o aumento do cultivo da planta na Bolívia. Durante a eleição, Morales ameaçou recuar nos esforços com os EUA para reprimir o cultivo de coca, mas desde então exortou os agricultores a respeitarem uma lei que limita a quantidade que cada família pode cultivar.

O cultivo e venda de quantidades limitadas de coca são permitidos legalmente na Bolívia, mas os Estados Unidos afirmam que a produção excedente da planta, que é o principal ingrediente da cocaína, acaba no mercado ilegal de drogas.

A sombra de Chávez

Morales, que chegou ao poder em janeiro, tem fortes laços com a comunista Cuba e com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e essas amizades fizeram com que Washington ficasse cauteloso em relação ao primeiro presidente indígena da Bolívia.

- Sempre estaremos abertos ao diálogo. Podemos conversar com (o presidente dos EUA, George W.) Bush, mas também com (o presidente cubano) Fidel Castro - disse Morales a jornalistas na sexta-feira.

Rice não tem planos de se encontrar com Chávez nos dois dias de visita ao Chile. A Casa Branca considera o presidente venezuelano um líder beligerante e anti-EUA. Ela se reuniu com Bachelet antes da posse e também tinha marcado um encontro com o uruguaio Tabaré Vázquez ainda neste sábado. Junto com outros países andinos, a Bolívia tem tarifas comerciais preferenciais de Washington desde que coopere com a guerra contra o tráfico de drogas. O acordo expira no fim do ano, e a Bolívia não participou das negociações de livre comércio com os Estados Unidos.

Nesta semana, Morales acusou os militares dos EUA de "chantagem" por terem cortado o financiamento de uma unidade antiterror boliviana, por não estarem satisfeitos com o comandante daquela força. Rice disse que os Estados Unidos querem ter boas relações de trabalho com as forças armadas bolivianas e que tem confiança que "as preocupações podem ser resolvidas".

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