Forças norte-americanas deram iníco nesta segunda-feira a duas ofensivas simultâneas que têm como alvo xiitas e sunitas que se opõem com violência à ocupação do Iraque. Fuzileiros navais americanos fecharam todas as estradas de acesso a Faluja, cidade majoritariamente sunita onde na semana passada quatro americanos foram brutalmente mortos e mutilados.
Em Bagdá, helicópteros atacaram alvos de bairros xiitas, à medida que se intensificam choques com clérigos radicais - que se opõem aos planos de transição de Washington. Em Falluja, fuzileiros trocaram tiros com rebeldes não-identificados dentro e nos arredores da cidade.
Um fuzileiro e ao menos sete iraquianos morreram, disseram fontes na cidade. De acordo com testemunhas em Haye Al-Jolan, área no Norte de Falluja, cinco iraquianos morreram numa troca de tiros com fuzileiros americanos que faziam batidas de casa em casa.
Em outra área, fuzileiros dispararam contra dois veículos (um carro e um caminhão) que não reduziram a velocidade ao se aproximar a um posto de controle de Falluja. Batizada "Determinação Vigilante", a operação começou na madrugada desta segunda-feira, com postos de controle erguidos nos arredores de Falluja e dentro da cidade. Apenas carros com placas da cidade podem passar, afirmaram militares.
Os americanos tentam capturar - ou matar - os responsáveis pela selvageria de semana passada, quando cerca de 150 iraquianos atearam fogo aos corpos de quatro civis americanos, espancaram e arrastaram os cadáveres pelas ruas, para finalmente pendurar dois deles numa ponte sobre o rio Eufrates. A julgar pelas imagens da barbárie, a maioria dos agressores é civil.
- Nossa preocupação é uma - disse o tenente James Vanzant, porta-voz dos fuzileiros. - Queremos pegar os caras maus.
Falluja é parte da província de Al-Anbar, localizada no chamado Triângulo Sunita, região a Norte e Oeste de Bagdá que é o principal bastião de ódio e resistência violenta à ocupação.
A entrada de fuzileiros em Falluja se seguiu a mais de 48 horas de choques sangrentos em Bagdá e Najaf entre soldados dos EUA e xiitas, revoltados com a prisão de um de seus líderes religiosos. Ao menos oito soldados americanos morreram em choques no bairro de Cidade Sadr, em Bagdá, com xiitas armados. Ao menos 40 iraquianos morreram e 169 ficaram feridos.
O Exército de Mehdi, organização banida leal ao líder religioso Muqtada al-Sadr, ocupou três delegacias da Cidade Sadr e de outros dois distritos da capital. Mais de 10 tanques americanos foram enviados à região, uma favela que recebeu o nome do pai de Muqtada al-Sadr, um líder xiita assassinado. Forças americanas disseram estar recuperando o controle da área nesta segunda-feira. As delegacias foram desocupadas.
Al-Sadr, que discursou contra a presença dos EUA no Iraque, e chamou os atentados de 11 de setembro de "milagre de Deus", teria se refugiado na mesquita de Al-Kufa, perto de Najaf.